A chegada de Todd Boehly ao Chelsea, na sequência da saída de Roman Abramovich da liderança do clube e do processo de aquisição que tornou o norte-americano no novo dono dos blues, abriu a porta a um investimento com poucos precedentes no futebol europeu. De repente, o Chelsea queria comprar tudo e todos — um posicionamento que, este verão, está a obrigar a uma verdadeira arrumação da casa.

Em 2022/23, o clube londrino gastou mais de 600 milhões de euros em contratações: com destaque para os 121 de Enzo Fernández, os 80 de Wesley Fofana e os 70 de Mudryk, acrescentando-se ainda o empréstimo milionário de João Félix. Thomas Tuchel foi despedido no início da temporada, Graham Potter foi contratado a peso de ouro ao Brighton e também não durou até ao fim da época, acabando por ser substituído pelo interino Frank Lampard nas últimas semanas de competição.

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O resultado desportivo, como foi manifestamente sublinhado, foi embaraçoso. O Chelsea terminou a temporada no 11.º lugar, naquela que foi a primeira vez desde 1996 em que não ficou na primeira metade da Premier League, e não alcançou o apuramento para nenhuma competição europeia. Com Mauricio Pochettino, o verdadeiro substituto de Graham Potter, já em funções, a ideia dos blues à entrada para o mercado de transferências era clara: reforçar posições-chave, vender jogadores para equilibrar as contas do fairplay financeiro e preparar uma época que terá obrigatoriamente de ser melhor do que a anterior.

Na atual janela de mercado, o Chelsea já encaixou mais de 200 milhões de euros em vendas com as saídas de Kai Havertz (Arsenal, 70 milhões), Mason Mount (Manchester United, 64 milhões), Kovacic (Manchester City, 29 milhões), Koulibaly (Al Hilal, 23 milhões), Mendy (Al Ahli, 18 milhões) e Loftus-Cheek (AC Milan, 16 milhões), acrescentando-se ainda os regressos de João Félix ao Atl. Madrid e de Zakaria à Juventus. N’Golo Kanté saiu a custo zero para o Al Ittihad, Bakayoko não conta para Pochettino e Azpilicueta, Aubameyang, Ziyech e Pulisic também devem ser transferidos até ao início da próxima época.

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Em sentido contrário, os blues já investiram quase 100 milhões em reforços e apenas em dois jogadores, com a contratação de Nkunku ao RB Leipzig (num negócio que estava fechado desde janeiro) e de Nicolas Jackson ao Villarreal, sendo perfeitamente expectável que não fiquem por aqui.

O Chelsea está a cortar excedentários, ainda que não deixe de gastar generosas quantias de dinheiro em novas adições ao plantel, e adivinha-se uma verdadeira revolução no que toca a onze inicial e titulares indiscutíveis na próxima temporada. Resta saber se o retorno desportivo, ao contrário do que aconteceu este ano, vai finalmente recompensar o investimento milionário de Todd Boehly.

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