Nigel Farage, uma das figuras mais conhecidas do movimentou que resultou no Brexit, acusou o banco privado Coutts de “mentir” sobre a verdadeira razão para lhe ter fechado as contas, garantindo que se tratou de uma decisão politicamente motivada.
Em declarações ao jornal The Telegraph, o antigo eurodeputado britânico disse ter acesso a documentos do banco que provam que as contas foram canceladas por um único motivo: as suas opiniões não estavam alinhadas com os valores da empresa, nomeadamente sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. “Entre 2014 e 2016, quando usei pela primeira vez os serviços do Coutts, nunca surgiram problemas. Depois do Brexit se tornar uma realidade, tudo mudou“, afirmou.
Segundo o jornal britânico, o banco organizou em novembro do ano passado uma reunião de um grupo para avaliar o risco reputacional que Nigel Farage representava. O comité considerou que continuar a tê-lo como cliente “não era compatível com o Coutts, uma vez que as opiniões que expressou de forma pública divergem das nossas posições como uma organização inclusiva”. O conhecido apoio do Brexit seria apenas um exemplo, e o mesmo aconteceria nomeadamente com as suas declarações sobre questões como os direitos LGBTQI+.
A informação contrasta com as notícias avançadas no início do mês pela BBC e o Financial Times. Citando fontes anónimas familiares com a decisão do banco, estes meios de comunicação avançaram que as contas de Nigel Farage tinham sido encerradas por estarem a baixo do valor limite financeiro exigido. Recusando este argumento, o antigo eurodeputado veio agora a público denunciar o documento com cerca de 40 páginas que alegadamente prova que foi lesado com base em “motivos políticos e pessoais”.
Num vídeo publicado no Twitter, Farage garante que a documentação, obtida através do próprio banco, refere que fechar as contas por motivos financeiros não se justifica e que a sua “contribuição económica é suficiente para reter uma base comercial”.
I now have evidence Coutts LIED to me..
In an explosive 40 page memo, “Brexit” is mentioned 86 times, “Russia” 144 & “PEP” 10.
Support for Trump + views on immigration, net zero & the vaccine are listed as reasons to exit me.
They say my account is commercially viable! pic.twitter.com/QjPCuUetu3— Nigel Farage (@Nigel_Farage) July 18, 2023
“Num memorando explosivo de 40 páginas, o Brexit é mencionado 86 vezes, a Rússia 144”, denunciou. Também é referida a sua relação pessoal com o ex-Presidente norte-americano Donald Trump, cujo nome deverá surgir 39 vezes.
“O apoio a Trump, o que penso sobre a imigração e as vacinas são listados como motivos para a minha saída”, acusou. Acrescentou ainda que o banco mencionava uma perceção na sociedade de que era visto como “xenófobo e racista”, algo que descreveu como uma “calúnia terrível”.