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O Presidente russo, Vladimir Putin, estava a participar no 80.º aniversário da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazi na batalha de Kursk quando começaram a surgir os rumores – depois tornados certezas – que o líder do grupo Wagner morrera na queda de um avião durante uma viagem entre Moscovo e São Petersburgo. Até às 01h00 desta quarta-feira, o Chefe de Estado não fez uma única menção à morte de Yevgeny Prigozhin, que chegou a ser conhecido como o “chef de Putin” e protagonizou há dois meses uma rebelião contra as chefias militares russas.

O líder russo deslocou-se esta quarta-feira até Kursk, uma região não muito longe da fronteira com a Ucrânia, para fazer parte das comemorações da vitória na batalha de 1943, cujo programa incluiu o concerto de uma orquestra. Durante a ocasião, Vladimir Putin entregou condecorações a soldados russos que participaram nos combates em território ucraniano.

“Aqui, na lendária terra de Kursk, condecorações estatais vão ser entregues aos nossos heróis, militares e participantes da operação militar especial [termo usado pelo Kremlin para se referir à guerra na Ucrânia], que merecem a glória dos heróis da batalha de Kursk”, afirmou, citado pela agência estatal Ria.

Sobre a batalha de Kursk, o líder russo destacou que foi um ponto de viragem na Segunda Guerra Mundial. “O significado da vitória não pode ser subestimado. Destruiu, incinerou o poder de ataque dos nazis”, sublinhou.

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Segundo o Izvestia, depois de participar no evento Putin desceu do palco para interagir com a multidão que assistiu às comemorações. O jornal relata que o líder russo cumprimentou os residentes e chegou a abraçar um deles.

Pela manhã Putin já tinha participado por vídeochamada na cimeira dos BRICS, que está a decorrer na África do Sul, momento que aproveitou para voltar a justificar a invasão à Ucrânia e culpar o ocidente: “A Rússia decidiu apoiar as pessoas que lutam pela sua cultura, pelas suas tradições, pela sua língua, pelo seu futuro. As nossas ações na Ucrânia são ditadas apenas por uma coisa: pôr fim à guerra que foi desencadeada pelo Ocidente e dos seus satélites na Ucrânia contra as pessoas que vivem no Donbass.”

[Já saiu: pode ouvir aqui o terceiro episódio da série em podcast “Um Espião no Kremlin”, a história escondida de como Putin montou uma teia de poder e guerra. Pode ainda ouvir o primeiro episódio aqui e o segundo episódio aqui]

No evento, estão a participar os Presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, da China, Xi Jinping, do Brasil, Lula da Silva, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Putin é a grande ausência do encontro, uma vez que está em vigor um mandado de detenção emitido pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra cometidos na Ucrânia.

Nas últimas horas, o líder russo não fez qualquer comentário sobre o acidente que resultou na morte de Prigozhin e dos nove passageiros que com ele seguiam a bordo do avião. Ao final da noite já tinha regressado a Moscovo, mas manteve o silêncio sobre o caso. Do Kremlin, também não chegou nenhuma declaração.

Ainda não se sabe o que provocou a queda do avião de Yevgeny Prigozhin. Durante o dia circularam muitos dados contraditórios relativamente ao acidente. Inicialmente as autoridades indicaram que o líder dos Wagner poderia estar a bordo — porque constava da lista de passageiros –, mas só por volta das 21h chegou a confirmação oficial que seguia no voo e tinha morrido.

O que se sabe e falta saber sobre a queda do avião em que seguia Prigozhin

A Agência Federal de Aviação Russa revelou que já foi criada uma comissão especial para investigar “as circunstâncias e causas do acidente” da queda do avião, que seguia viagem entre Moscovo e São Petersburgo. O Comité de Investigação, um órgão jurídico na Rússia, anunciou também a abertura de um inquérito.