“Foi horrível. Das piores experiências que eu já tive. Foi a primeira vez que apanhei um sismo. O edifício todo abanou, as paredes lascaram. Toda a gente a gritar, a correr dos quartos, o choro das crianças. Toda a gente estava a dormir – isto foi à noite – e acordaram. Foi um caos”.
É assim que Camila Drago, que se encontra em visita de trabalho a Marraquexe e está hospedada num resort da cidade, descreve à Rádio Observador o sismo que atingiu uma magnitude de 6.9 na escala de Ritcher e que já provocou, segundo os dados provisórios das autoridades marroquinas, pelo menos 820 mortos e 672 feridos.
Camila diz que, “quando ocorreu o sismo, saímos todos dos quartos e fomos para a rua. Ficamos na zona da piscina, que está no meio do resort, porque se entendeu que era a zona mais segura. Ficamos todos ali, com as mantas, os edredons nas espreguiçadeiras. Dormimos na piscina e não entramos nos edifícios. Está tudo em muito confuso”, explica.
A portuguesa diz, no momento que falou com o Observador, que “ninguém sabe o impacto do sismo. Muitos turistas estão na zona da piscina por causa do calor. Todas as paredes têm marcas do sismo” mas acredita que as consequências são “maiores. Há muitos desaparecidos. Os nossos colaboradores marroquinos estão preocupados devido aos familiares que moram nesta zona”.
Fátima Almeida. “O medo é imenso”
Fátima Almeida, de férias em Agadir, contou à agência Lusa que sentiu durante cerca de 30 segundos. “O medo é imenso. Foi horrível”, contou desde a varanda do hotel junto ao porto de Agadir, através de uma chamada via a plataforma Messenger.
Agadir fica cerca de 250 quilómetros a sudoeste de Marraquexe, onde, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), ocorreu pelas 23:11 de sexta-feira um forte abalo, sentido também em várias localidades de Portugal, como Faro, Lisboa, Coimbra ou Porto.
Um segundo tremor de 4,9 foi registado a nordeste de Taroudant, 200 quilómetros a sul de Marraquexe e a cerca de 80 quilómetros a oeste de Agadir, cerca das 23:30.
Esta portuguesa de Santa Maria da Feira, mas que vive no Luxemburgo, encontra-se de férias com o filho em Agadir e disse que tinha acabado de chegar ao quarto do hotel, quando sentiu o sismo.
“Pensei que me estavam a dar tonturas. Tudo a bater, candeeiros e coisas a cair. Só tive tempo de pegar no meu filho e sair conforme estávamos. Muitos casais novos portugueses tinham acabado de chegar. Estavam todos em pânico, foi uma sensação horrível”, frisou, acrescentando que o sismo foi sentido com “muita intensidade” e que “durou cerca de 30 segundos”.
Fátima Almeida salientou que não ocorreram danos de maior e que não há registo de feridos naquela zona, mas apontou que as paredes do hotel estão lascadas e que se vê pó de cimento pelos corredores.
O susto fez esta portuguesa estar já a procurar voos para sair de Marrocos o mais rápido possível devido ao receio de novo terramoto. “Fiz mochila com roupa quente e documentos. Estou de sapatilhas postas e o meu filho está a descansar de sapatilhas, caso seja preciso arrancar logo”, adiantou ainda.
Maria Martins não sentiu qualquer abalo em Tânger
Por outro lado, em Tânger, cerca de 575 quilómetros a norte de Marraquexe, Marisa Martins contou à Lusa que não sentiu qualquer abalo.
Esta portuguesa de Viana do Castelo, de férias em Tânger com o marido, garantiu que se encontrava em segurança. O abalo no centro de Marrocos causou danos materiais em várias cidades, de acordo com imagens divulgadas nas redes sociais, embora as autoridades não tenham comunicado imediatamente quaisquer vítimas.
Além de Marraquexe ou Agadir, o abalo fez-se sentir em Rabat, Casablanca ou Essaouira, causando pânico na população, com muitas pessoas saíram às ruas dessas cidades, por temerem o desabamento das suas casas, segundo imagens divulgadas nas redes sociais.