À medida que avançam as operações de resgate, o governo marroquino disse hoje que, afinal, não descarta a possibilidade de pedir mais ajuda internacional. De acordo com o El Mundo, o ministério do Interior de Marrocos explicou que estão a fazer uma análise das necessidades no terreno.

“Com o avanço das operações de intervenção, que alteraram a avaliação das possíveis necessidades, isso poderá levar a recorrer às ofertas de apoio de outros países amigos, de acordo com as necessidades de cada etapa”, referiu o governo.

Inicialmente, Marrocos aceitou apenas a ajuda de Espanha, Reino Unido, Catar e Emirados Árabes Unidos — os três primeiros enviaram hoje operacionais.

O primeiro-ministro disse hoje que Portugal continua disponível “para qualquer apoio”, caso Marrocos pretenda, “quer na área da proteção civil, quer na área da medicina legal”.

“Continuamos a acompanhar a situação dos portugueses que estão em Marrocos. Aqueles que quiserem regressar, obviamente, apoiaremos, aqueles que quiserem permanecer, são obviamente livres de permanecer”, acrescentou António Costa.

O ministério da Educação de Marrocos anunciou que as aulas foram suspensas nas zonas mais afetadas pelo sismo, avança o ElEspañol.

Depois de Espanha e do Catar, o Reino Unido anunciou que vai enviar uma equipa de 60 operacionais e quatro cães para ajudar nas operações de busca.

“Sessenta especialistas em busca e resgate do Reino Unido e quatro cães de busca foram enviados para Marrocos”, referiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A equipa segue este domingo para Marrocos em dois aviões da Força Aérea.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de França anunciou hoje que morreram quatro cidadãos franceses. E registou ainda, até ao momento, 15 feridos.

“Lamentamos a morte de mais três franceses perto de Marraquexe, o que eleva o número de mortos, nesta altura, a quatro vítimas francesas”, referiu este ministério.

Depois de Marrocos ter anunciado que aceitou a ajuda de quatro países — Espanha, Reino Unido, Catar e Emirados Árabes Unidos –, o Catar já enviou operacionais para a região afetada pelo sismo registado esta sexta-feira à noite, avança a SkyNews.

A primeira equipa da unidade militar de emergência espanhola chegou esta tarde a Marrocos, anunciou o Ministério da Defesa. 56 militares e quatro cães vão ajudar nas operações de resgate.

Além desta equipa, Espanha já anunciou que seguirá uma segunda equipa de militares para reforçar ajuda.

Un equipo de la @UMEgob, con 56 militares y 4 perros, acaba de llegar a #Marrakech en un avión #A400 del @EjercitoAire para unirse a la búsqueda y rescate tras el devastador terremoto en nuestro país vecino. La zona asignada: Tala N'Yaaqoub, a 25 km del epicentro y 100 km al sur… pic.twitter.com/16Dkk2MvPa

— Ministerio Defensa (@Defensagob) September 10, 2023

Se Marrocos aceitar, a Argélia diz estar disponível para enviar uma equipa da proteção civil, com 80 elementos especializados para ajudar nas operações de resgate de sobreviventes.

A informação foi avançada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros argelino, citado pelo El Español. “Este é um marco da ajuda logística e material de emergência que o nosso país está disposto a dar ao povo irmão marroquino para fazer face às consequências do poderoso sismo”, referiu o porta-voz.

Já ontem, a Argélia disse estar disponível para abrir o espaço aéreo. Os dois países cortaram relações diplomáticas em 2021 e, nesse ano, a Argélia encerrou o espaço aéreo a Marrocos.

As autoridades marroquinas atualizaram novamente o número de vítimas: foram registados até agora 2.122 mortos e 2.421 feridos.

Marrocos deverá apenas aceitar a ajuda do Reino Unido, Catar, Emirados Árabes Unidos e Espanha para os trabalhos de resgate, tendo alegadamente deixado de lado o apoio que as autoridades portuguesas estavam dispostas a fornecer.

De acordo com o que uma fonte diplomática explicou à agência EFE, Marrocos não necessita de, pelo neste momento, mais apoio do que aquele que aqueles quatro países fornecem.

Agradecendo a todos os países pela ajuda, Marrocos garantiu estar a seguir uma “aproximação responsável, rigorosa e eficaz” para responder a todos aqueles que manifestaram interesse em fornecer ajuda internacional

A companhia aérea nacional TAP vai “reforçar” a oferta de voos desde Marrakech e Casablanca esta segunda-feira, recorrendo a aeronaves maiores (o A321 em vez de Embraer 190/195).

Numa nota enviada às redações, a TAP referiu que os voos “estão com bastante procura”.

Arnaud Fraisse, fundador da Organização Não Governamental (ONU) Secouristes sans frontières (socorristas sem fronteiras em português), acusou hoje o governo marroquino de estar a bloquear ajuda estrangeira.

“Gostaríamos de ter entrado num avião e estar em Marrocos, mas infelizmente ainda não tivemos o aval do governo marroquino”, afirmou Arnaud Fraisse em entrevista à France Radio.

O fundador da ONG disse que o governo marroquina está a bloquear a chegada de “equipas de resgate” estrangeiras, à exceção de uma do Qatar.

Para além disso, Arnaud Fraisse denuncia que mais de 100 equipas de resgate já se manifestaram dispostas a ajudarem as autoridades marroquinas, mas até ao momento ainda não obtiveram resposta.

“Sabemos que existe uma grande urgência para salvar pessoas e para escavar nos destroços. Há pessoas debaixo deles e não podemos fazer nada para os salvar”, lamentou Arnaud Fraisse.

A diretora responsável pela pasta dos desastres climáticos e por situações de crise na Cruz e no Crescente Vermelha, Caroline Holt, indicou que as “próximas 24 ou 48 horas” são críticas “para salvar vidas”.

“The next 24 to 48 hours will be critical in terms of saving lives. Search and rescue efforts will be prioritised in parallel, of course, with making sure that those that we know have survived are taken care of.” — Hear from @carolineholt_1 with @AJEnglish. pic.twitter.com/OIZqhhA2U1

— IFRC (@ifrc) September 9, 2023

“Os regastes terão de ser prioridade”, afirmou a responsável em entrevista à Al Jazeera, referindo que, “em paralelo”, ter-se-á de assegurar as necessidades básicas daqueles que sobreviveram.