O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou-se “preocupado” com a nova subida anunciada esta quinta-feira de 25 pontos-base nas taxas diretoras do Banco Centro Europeu (BCE) — e apontou para as possíveis consequências políticas. “Preocupa-me o facto de isto acontecer muito perto do fim do ano. Se não houver condições de retoma para o ano que vem, para o horizonte temporal das eleições europeias [marcadas para junho de 2024], favorece posições mais radicais populistas.” 

No segundo dia de visita ao Canadá, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que é necessário “conciliar metas de médio a longo prazo com a gestão das metas a curto longo prazo”, referindo que os eleitores “são muitos sensíveis quanto aos problemas imediatos do dia-a-dia”.

Neste sentido, o Chefe de Estado assinalou que também o preocupam “as sucessivas posições de BCE” sobre as diminuições de “ajudas sociais”, ao mesmo tempo que “diz que o crescimento pode ser prejudicado e que isso pode ter consequências mais ou menos imediatas”. “Tem de haver aqui um equilíbrio. A posição do Banco Central  Europeu é muito rígida.”

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que a vida das pessoas é feita de “economia, de decisões sociais e políticas”. “Isto é penalizador para todos os governos”, lamentou. No entanto, o Presidente da República elogiou o Executivo português por “ter feito o que pode em termos de ajudas sociais” no que diz ser um “colete de forças”.

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Fazendo uma comparação com um “cavalo inglês a que se foi cortar a ração” para o disciplinar e que depois se viu que estava “demasiado fraco”, Marcelo Rebelo de Sousa ressaltou que “não conviria que a Europa ficasse fraquinha na retoma económica”. Isso, na opinião do Presidente da República, poderia causar “consequências sociais e políticas”: “Os sistemas políticos pagam por isso”.

“Vamos ver se isto muda para o mês que vem”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, recordando que os economistas apenas lidam com a teoria e não com “a realidade político-social”.

Esta foi a décima subida consecutiva das taxas de juro pelo banco central, que aumentou as taxas de em 450 pontos base desde julho do ano passado, o ciclo de subida mais rápido da história da zona euro e que tem como objetivo baixar a inflação para os 2%.