É mais um capítulo na guerra pelo controlo da Cofina. A Media Capital anunciou, esta sexta-feira, que não só mantém o interesse na dona do Correio da Manhã e da CMTV como aumenta o valor da oferta. Entretanto, o grupo de investidores ligados à gestão da Cofina, e que inclui Cristiano Ronaldo, também reforçou a proposta.
Em comunicado publicado no site da empresa, noticiado pelo Eco, a dona da TVI refere que “reiterou, nesta data, à Cofina, SGPS, S.A. o interesse na aquisição da totalidade das ações representativas do capital social da Cofina Media, S.A. por aquela detidas, tendo apresentado hoje uma Best and Final Offer, em cumprimento do prazo determinado por aquela”. Esta sexta-feira era o último dia para apresentar uma proposta final pela empresa de media.
A Best and Final Offer, ou seja, a derradeira oferta da Media Capital, “apresenta condições financeiras melhoradas em relação à oferta já divulgada ao mercado (em 20 de julho)”. Em causa estão duas hipóteses: uma delas prevê o pagamento de 54,4 milhões de euros pela Cofina, que não inclui a dívida, ou seja, “apurado com base no Equity Value da Sociedade determinado por referência às contas da Cofina Media, S.A. a 30 de junho de 2023, deduzido da dívida financeira (i.e., dívida bancária e outros empréstimos) e líquido de caixa e equivalentes de caixa”.
A segunda opção passa por cobrir outra oferta que tenha chegado até esta sexta-feira, até um máximo de 56 milhões de euros, sem dívida. A Media Capital refere que oferece “o equivalente ao preço de qualquer proposta concorrente recebida pela Vendedora, até às 16:30 horas do dia 15 de setembro de 2023, acrescido de 5% (cinco por cento), até ao limite de €56.000.000”.
A oferta final da Media Capital “é válida até 15 de novembro de 2023, sem prejuízo da possibilidade de prorrogação do prazo até ao dia 15 de dezembro de 2023, por iniciativa unilateral da Cofina, SGPS, S.A. com base em motivos atendíveis relacionados com o procedimento de decisão relativo à alienação da Cofina Media”.
A Media Capital já tinha aumentado o valor da oferta pela Cofina em julho. A empresa avaliava a Cofina em 80 milhões de euros, pressupondo uma dívida líquida de 45 milhões de euros, sendo por isso esta uma oferta com características diferentes.
A dona da TVI, controlada por Mário Ferreira, está a disputar a Cofina com um conjunto de quadros da empresa do Correio da Manhã, aos quais se juntou Cristiano Ronaldo. O chamado MBO (Management Buy Out) dos gestores e outros investidores avalia a Cofina em 75 milhões de euros (capital e dívida). Mas também este grupo de interessados subiu a parada.
As duas propostas foram entretanto confirmadas pela Cofina, que enviou, antes da meia-noite, um comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), no qual informa o mercado sobre as propostas recebidas.
“Na sequência da receção das Ofertas, a Cofina tem estado em contacto com os Potenciais Compradores com vista à negociação das condições contratuais e comerciais, numa perspetiva de maximização do valor para a Cofina e para os seus acionistas, relativas a uma potencial alienação das Ações da Cofina Media”, começa por referir a dona do Correio da Manhã.
Segundo a empresa, as negociações culminaram com a apresentação de duas ofertas finais melhoradas esta sexta-feira. Uma da Media Capital e outra do MBO, do qual fazem parte Luis Santana, Ana Dias, Octávio Ribeiro, Isabel Rodrigues, Carlos Rodrigues, Luís Ferreira, Carlos Cruz, Cristiano Ronaldo, Domingos Vieira de Matos, Paulo Fernandes e João Borges de Oliveira
Os investidores do MBO, representados por uma sociedade denominada Expressão Livre, apresentou uma proposta final que avalia a Cofina, sem dívida, em 56.793.428,97 (cinquenta e seis milhões e setecentos e noventa e três mil e quatrocentos e vinte e oito euros e noventa e sete cêntimos). Ou seja, acima da proposta da Media Capital.
As duas ofertas “preveem mecanismos de apuramento do preço final a receber pela Cofina”, que salienta que as duas propostas “serão analisadas pelos respetivos órgãos sociais competentes, que decidirão pela alienação, ou não, das Ações da Cofina Media a um dos Potenciais Compradores”.
Nessa ponderação, refere a Cofina, serão tidas em consideração a contrapartida oferecida pelas ações, as condições contratuais propostas e o plano estratégico que os Potenciais Compradores pretendem implementar.
Até agora, refere a Cofina, não foi tomada “qualquer decisão de alienação, ou não, das Ações da Cofina Media a um dos Potenciais Compradores” e “qualquer decisão que venha a ser tomada neste contexto pelos seus órgãos sociais sê-lo-á sempre na defesa dos interesses da Cofina e dos seus acionistas, numa perspetiva de maximização de valor para os mesmos, e do projeto estratégico para a Cofina Media”.
A empresa conclui que “dará oportunamente conhecimento ao mercado dos desenvolvimentos subsequentes e relevantes deste processo”.