As autoridades do leste da Líbia anunciaram esta quarta-feira a criação de um fundo para a reconstrução de Derna, a cidade devastada por mortíferas inundações mortíferas onde deverá decorrer em 10 de outubro uma conferência para preparar os primeiros “projetos”.
Em comunicado, o governo do leste disse ter fornecido “aprovação à criação de um fundo para a reconstrução da cidade de Derna e das zonas atingidas” pelas inundações de 10 de setembro.
Apesar e não ser reconhecido internacionalmente, o executivo também “confirmou” a realização em 10 de outubro em Derna de uma “conferência internacional” de reconstrução, anunciada na passada sexta-feira.
Esta “conferência” será “aberta a empresas internacionais”, precisou esta quarta-feira o governo do leste, que inicialmente apelou à participação do conjunto da “comunidade internacional”. O governo rival reconhecido pela ONU e sediado na capital Tripoli (oeste) ignorou até ao momento estes anúncios e não confirmou o envio de representantes.
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O executivo de Benghazi também não precisou a forma de financiamento dos novos fundos mas o parlamento, também instalado no leste, já atribuiu 1,9 mil milhões de euros aos projetos de reconstrução.
A Líbia é governada desde a queda de Muammar Kadhafi por duas administrações rivais, uma no oeste dirigida por Abdelhamid Dbeibah , e outra no leste assente num parlamento e apoiante do marechal Khalifa Haftar.
“É pouco provável que os países forneçam dinheiro ao leste, porque institucionalmente essas autoridades não são reconhecidas a nível internacional”, indicou à agência noticiosa AFP Jalel Harchaui, especialista em Líbia no instituto britânico Royal United Services (RUSI).
“Em princípio, os fundos [internacionais] deverão passar por Tripoli”, acrescentou, para sublinhar que o governo Dbeibah está a pretender aproveitar-se do drama para desbloquear bens e investimentos estrangeiros dirigidos à Líbia.
Avaliados em centenas de milhares de dólares e geridos pelo fundo soberano Libyan Investment Authority (LIA), estas verbas foram congeladas em 2011 pela ONU para evitar eventuais desvios.
As inundações, provocadas pela tempestade Daniel e agravadas pela rutura de duas barragens a montante de Derna provocaram 3.893 mortos segundo o último balanço provisório comunicado na terça-feira pelo governo do leste.