O problema repete-se em vários momentos do ano, mas o Halloween é um dos que mais se destaca. E, por isso, os enfermeiros espanhóis aproveitaram a festa desta terça-feira para dizer “chega” às máscaras provocadoras da sua profissão.
A associação de enfermeiros espanhola Conselho Geral de Enfermagem, que representa 330 mil profissionais, voltou a apelar ao fim da comercialização dos disfarces “muito curtos e sensuais”. Com isto, não se referia às máscaras da “coelhinha Playboy” (que também costumam fazer muito sucesso no Dia das Bruxas, tradição especialmente celebrada nos Estados Unidos), mas sim às de enfermeira que, além de não corresponderem aos verdadeiros uniformes, dão uma “conotação ofensiva e denegridora”, noticia a agência espanhola EFE.
Todos os anos, por esta altura, assistimos com perplexidade e indignação à onda de fantasias de ‘enfermeira sexy’, ‘assassina’ ou ‘zombie’ que ofendem a imagem pública de uma profissão cuja dedicação não só exige determinados níveis de qualificação académica, como também é reconhecida como um bastião da qualidade dos cuidados de saúde”, disse o presidente da associação, Florentino Pérez Raya, numa conferência de imprensa.
Desta forma, foi lançado um apelo dirigido especialmente às lojas de fantasia e aos centros comerciais, mas também aos pais, para que não vestissem os filhos dessa forma.
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A acrescentar às características provocadoras do fato, o presidente da associação enfatizou a utilização de outros elementos, como o sangue falso, que “representam um paradoxo ao associar a morte e o assassínio a profissões que cuidam e curam as pessoas”.
“Os enfermeiros não gostam de ter de assistir todos os anos com perplexidade e indignação à onda de fantasias”, terminou.
Da mesma opinião é a vice-presidente da associação, Raquel Rodríguez Llanos, que sublinha ainda o facto de este problema não se prender apenas ao Halloween. “São também festas, despedidas de solteiro e carnavais”, acentuou, citada pelo The Guardian.
Apelamos a todas as mães e pais para que não vistam os seus filhos e filhas com disfarces ofensivos à profissão porque é assim que estas práticas se normalizam e se prolongam até à idade adulta”, exclamou.
Não é a primeira vez que um protesto como este acontece. Em 2022, ano que foi marcado pelas “doçuras ou travessuras” de diversos homens-aranha e de personagens da série Stranger Things, também os enfermeiros canadianos apelaram para o fim da “erotização da profissão”.
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“A profissão evoluiu, mas os estereótipos persistem”, disse, na altura, Luc Mathieu, presidente da Ordem dos Enfermeiros do Quebeque (OIIQ), citado pelo mesmo jornal britânico. “Os enfermeiros exercem uma profissão científica e os seus conhecimentos devem ser mais conhecidos e valorizados. É altura de mudar as perceções.”