Morreu o empresário Pedro Teixeira Duarte. O filho de Ricardo Teixeira Duarte, fundador do grupo empresarial com o mesmo nome, que dirigiu durante quase cinco décadas, tinha 105 anos. A informação foi confirmada numa nota publicada no site do Grupo Empresarial Teixeira Duarte, onde se pode ler que a sua morte “deixa de luto a empresa e cada um dos tantos que foram tocados – direta e indiretamente – por ele”.
Nascido na Lourinhã, o segundo de três irmãos, Teixeira Duarte formou-se em Engenharia Civil, pelo Instituto Superior Técnico, em 1946. Após a morte do pai, em 1959, assumiu os destinos do grupo empresarial da família, o qual liderou durante os 49 anos seguintes até ser substituído pelo filho, Pedro Maria Teixeira Duarte.
Essas décadas, atravessando quase toda a segunda metade do século XX e início do século XXI, foram de crescimento para a empresa e para o grupo empresarial, que hoje conta com quase 10 mil trabalhadores em 22 países. Em 2008, já com 90 anos, abandonou a liderança da Teixeira Duarte, sendo sucedido pelo filho, Pedro Maria (que, por seu turno, foi sucedido por Manuel Maria Teixeira Duarte, em 2021).
Em 2006, recebeu o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, por iniciativa do então Presidente da República, Jorge Sampaio. Apesar do reconhecimento, pode ler-se no comunicado, “manteve sempre uma postura discreta, focada e de acompanhamento dos temas da empresa, sendo que até ao final da sua vida foi participando nos eventos comemorativos da vida da Teixeira Duarte.”
Por ocasião da sua morte, o grupo empresarial lembrou alguns dos principais episódios da sua vida, com particular destaque para o período do pós-25 de abril, quando presidiu à Associação Cristã de Empresários e Gestores, “assumindo com coragem e determinação os caminhos que entendeu serem os certos independentemente das circunstâncias”. Destaca ainda a importância das relações forjadas ao longo de décadas no setor empresarial, assentes n “respeito, estima, gratidão, empatia, admiração, inspiração e, sobretudo, humanidade e profissionalismo”.
Pedro Teixeira Duarte deixou os cargos na construtora que tinha o seu nome há décadas, passando o testemunho ao filho. Foi Pedro Maria Teixeira Duarte quem levou a empresa para outros negócios, das concessões rodoviárias ao imobiliário, passando pela banca e sobretudo pela Cimpor. Nem sempre com os melhores resultado.
O nome da família ganhou fama durante a guerra interna pelo controlo do BCP, com a Teixeira Duarte (então acionista do banco) a ser decisiva para a solução que resultou no afastamento dos gestores históricos do banco. A Teixeira Duarte era uma aliada histórica do fundador do BCP, Jardim Gonçalves, mas perante o conflito que abalou a instituição em 2007 acabou por se juntar ao núcleo de acionistas liderado por Joe Berardo que exigia mudanças na gestão.
Tal como outros grupos empresariais, a Teixeira Duarte sofreu com a desvalorização do BCP e com a crise económica e financeira que marcou início da década passada, mas tinha ativos que valiosos que vendeu a tempo. Foi a Teixeira Duarte quem abriu a porta do controlo da Cimpor aos grupos brasileiros que acabaram por dividir a empresa ao meio, vendendo mais de 20% do capital na cimenteira. A empresa alienou também o centro de escritórios Lagoas Park e a participação na Lusoponte, mas ao contrário de outros nomes históricos do setor, sobreviveu em nome próprio e continua a ser uma construtora de referência.
O filho de Pedro Teixeira Duarte afastou-se dos cargos no grupo em 2021 e a presidência passou para o primo, Manuel Maria Teixeira Duarte, que manteve o duplo apelido à frente da gestão.
Acionistas da Teixeira Duarte aprovam mudança na presidência do grupo