Manuel Magalhães e Silva, advogado de Diogo Lacerda Machado, afirmou que houve um “lapso” na transcrição de uma escuta da “Operação Influencer” que levou à confusão entre o primeiro-ministro António Costa e o ministro da Economia, António Costa Silva.

Advogado de Lacerda Machado diz que MP reconheceu erro que criou confusão entre António Costa e António Costa e Silva

Ao que o Observador apurou junto da investigação, trata-se de uma gralha, visto que os investigadores tinham a noção clara de que, na escuta, Lacerda Machado estava a referir-se ao ministro da Economia, António Costa Silva. Até porque Lacerda Machado costumava referir-se ao primeiro-ministro, pela proximidade entre ambos (foi padrinho do seu casamento e amigo de longa data), apenas como “António”, como a investigação do MP e da PSP detetou ao longo do tempo em que escutou Lacerda Machado — e não como “António Costa”. Esta forma de se referir ao primeiro-ministro como “António” também ocorreu em diversas entrevistas.

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No artigo 186 do despacho de indiciação, há a transcrição de uma escuta onde Lacerda Machado se refere precisamente ao primeiro-ministro como “António”. Numa conversa com Afonso Salema, CEO da Start Campus, Lacerda diz “que faz sentido, eventualmente tem duas etapas, primeiro irmos ao Escária e depois a seguir…. as agendas daquelas almas não estão fáceis”, acrescentando de seguida: “Afonso, deixe-me gerir isto com o Escária e depois com o António.”

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Para os investigadores, o “António” é o primeiro-ministro. Era assim que Lacerda Machado se costumava referir ao chefe de Governo e secretário-geral do PS, o “seu melhor amigo”.

O contexto desta conversa entre Lacerda Machado e Afonso Salema, CEO da Start Campus, prende-se, segundo o despacho de indiciação, com “pressões com vista a desbloquear ou conferir maior celeridade a procedimentos relativos a pretensões da Start Campus, designadamente em matéria de urbanismo, bem como relativamente à capacidade de injecção da rede eléctrica”.

“O arguido Afonso Salema telefonou para o arguido Diogo Lacerda Machado e solicitou a este último que diligenciasse pela realização de reunião com o primeiro-ministro no sentido deste exercer pressões com vista a desbloquear ou conferir maior celeridade a procedimentos relativos a pretensões da Start Campus, designadamente em matéria de urbanismo”.

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Diz o Ministério Público no despacho de indiciação que o “arguido Diogo Lacerda Machado aceitou diligenciar pela realização de tal reunião, respondendo ao arguido Afonso Salema: “Acho que faz sentido, eventualmente tem duas etapas, primeiro irmos ao Escária e depois a seguir…. as agendas daquelas almas não estão fáceis”. E é aqui que Lacerda Machado acrescenta: “Afonso, deixe-me gerir isto com o Escária e depois com o António”.