A Moody’s subiu a notação de Portugal, colocando-a nos níveis de “A”. É a segunda agência de notação das três principais a subir o rating para esses níveis de de investimento, depois da Fitch já o ter feito. Também a DBRS já tem Portugal no “A”, mas não é considerada uma das três grandes. O Ministério das Finanças acredita que também a S&P poderá seguir este caminho, depois de em setembro ter melhorado a perspetiva.

A Moody’s subiu esta sexta-feira o rating em dois patamares de Baa2 para A3, o melhor nível desde 2011, destaca o Ministério das Finanças, em comunicado.

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Com a subida de notação da Moody’s veio, no entanto, a descida da perspetiva (outlook) de positiva para estável, depois de em maio a ter colocado em positiva. A agência salienta que “as tendências mais positivas económico-orçamentais são contrabalançadas com evidências recentes de riscos políticos.”.

E diz mesmo que “as investigações de corrupção resultaram na demissão do primeiro-,inistro António Costa, na sequência da qual o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa convocou eleições antecipadas. Embora até agora haja provas de que as instituições de Portugal permitem que o país resolva a questão de forma eficaz, estes desenvolvimentos políticos podem atrasar o progresso no investimento e nas reformas ligadas ao PRR”.

Em comunicado, Fernando Medina, ministro das Finanças, fala disso mesmo: “O facto de esta decisão da Moody’s ter sido tomada já após a marcação de eleições legislativas antecipadas, demonstra que os fundamentais da economia são robustos e confirma que Portugal conquistou um lugar entre o grupo de países com maior qualidade creditícia e maior credibilidade internacional. Um lugar que é essencial preservar”.

Outro fator de risco para Portugal, já não relacionado com a crise política, é, aponta a Moody’s, a exposição de Portugal “a riscos climáticos, que poderão ter um impacto negativo mais material no crescimento e nas métricas orçamentais do que a Moody’s assume atualmente”.

A Moody’s justifica a subida de agora em dois níveis pelo “efeitos positivos esperados a médio prazo de uma série de reformas económicas e orçamentais, da desalavancagem do setor privado e do continuado fortalecimento do setor bancário. As perspetivas de médio prazo de Portugal são suportadas por investimentos públicos e privados significativos, bem como pela implementação de novas reformas estruturais, ambas ligadas ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “. A Moody’s destaca também a descida da dívida público em percentagem do PIB, tendência apenas interrompida na pandemia. “Um crescimento robusto e orçamentos globalmente equilibrados significam que o peso da dívida continuará a cair a um dos ritmos mais rápidos entre as economias avançadas, embora a partir de níveis elevados”, desta a agência.

A Moody’s acrescenta, ainda, como dado positivo o facto de, apesar das tendências demográficas pelo envelhecimento da população, existe em Portugal uma mitigação pela migração, pelas taxas de participação mais elevadas no mercado de trabalho e pelo aumento no crescimento da produtividade do trabalho.

No comunicado, o ministro das Finanças ainda salienta que “a subida de dois níveis no rating de Portugal para A3 anunciada pela Moody’s é uma
excelente notícia para o país”, já que “Portugal fica agora com uma notação de risco em patamares “A” por três agências de rating (Moody’s, Fitch e DBRS), o que abre a porta de um conjunto muito alargado de investidores à dívida pública portuguesa”. A avaliação “traduz-se assim em juros mais baixos para o Estado, as empresas e as famílias, o que é sempre importante, mas é ainda mais importante num contexto de uma política do BCE de taxas de juro altas”, conclui.

Moody’s vê Portugal crescer 2,1% em 2023

A Moody’s aponta para um crescimento da economia portuguesa, no médio prazo, em cerca de 2% anualmente nos próximos cinco anos, em linha com o produto potencial. “A Moody’s estima que o potencial de crescimento de Portugal aumentou materialmente ao longo da última década, através de uma série de reformas económicas e do mercado de trabalho que aumentaram a competitividade e o emprego”, diz a agência.

No curto prazo, a Mooyd’s aponta para um crescimento de 2,1% do PIB nacional este ano, descendo para 1,6% em 2024, devido ao aperto monetário e orçamental. Em 2025 deverá voltar a acelerar para 1,9%, devido à procura interna e externa. O crescimento do emprego, o turismo forte e uma aceleração do PRR vão, no entender da agência, suportar o crescimento no curto prazo.

Já para as contas públicas, a Moody’s aponta para um excedente orçamental de 1% este ano, devido à subida das receitas e uma queda nas despesas em percentagem do PIB face a 2022. Em 2024 deverá voltar a um ponto mais equilibrado devido ao que diz ser a prudência orçamental.

Para a dívida pública, a agência aponta para um valor ainda acima de 100% (ligeiramente) em 2024.