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Yaffa Adar passou 50 dias em cativeiro e contou-os um por um. Aos 85 anos, é uma das reféns mais velhas levadas pelo Hamas para a Faixa de Gaza e foi libertada na sexta-feira durante o primeiro dia de tréguas entre Israel e o grupo palestiniano. “Eu sei que estive lá durante 50 dias”, disse aos familiares durante o momento do reencontro num hospital em Israel.

A família foi notificada pelas autoridades israelitas de que a libertação da idosa poderia estar para breve, mas com a incerteza e atrasos que têm marcado as negociações só acreditaram quando a voltaram a ver em segurança. “Até estar aqui em Israel com as Forças de Defesa Israelitas não tínhamos a certeza que ia mesmo acontecer“, reconheceu esta segunda-feira a neta Adva Adar em declarações à CNN.

Desde dia 24, regressaram a casa 58 reféns mantidos em Gaza. Desses, 40 são israelitas e deixaram o cativeiro como parte do acordo com o Hamas para libertar um total de 50 cidadãos. Além disso foram também libertados 17 tailandeses e 1 filipino num acordo à parte organizado por um grupo muçulmano da Tailândia. Através deles e das suas famílias vão sendo conhecidos alguns detalhes sobre o período que passaram em cativeiro: refeições entregues com irregularidade, cadeiras de plástico usadas como camas e tentativas de fuga sem sucesso.

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A história de Yaffa Adar começou quando combatentes do Hamas a raptaram do kibtutz de Nir Oz, que ajudou a fundar, e levaram para a Faixa de Gaza nos ataques de 7 de outubro. As imagens que a mostravam no interior de um carrinho de golfe, cercada por vários membros do grupo islâmico palestiniano, correram o mundo e voltaram a estar em destaque aquando da libertação da idosa.

No reencontro, saltou logo à vista a perda de peso da mulher, que apesar da situação manteve o bom humor e atitude positiva que a família tinha vindo a descrever. “A primeira coisa que perguntou foi se eu, que sou pasteleira, lhe fazia um bolo”, revelou a neta. Sobre o tempo que passou em cativeiro, explicou que os seus pensamentos estavam sempre com a família. “Ela contou-nos que nos momentos mais difíceis, durante as noites ou quando não se sentia bem, pensava nos bisnetos (…). Disse que conseguia ouvi-los a chamar por ela e que tinha de regressar a casa por eles”, acrescentou.

Ao relato de Adva Adar vão-se somando outros. Numa sessão por zoom com jornalistas e organizado pelo Fórum de famílias de reféns e pessoas desaparecidas a israelita Merav Raviv partilhou o que a prima e tia, Keren e Ruth Munder, libertadas na sexta-feira, viveram na Faixa de Gaza.

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Raviv explicou que as mulheres comiam refeições irregulares, essencialmente à base de arroz e pão, o que fez com que perdessem peso durante as semanas em cativeiro. Disse também que dormiam em cima de cadeiras que eram dispostas em filas e que, por vezes, tinham de esperar várias horas para poderem usar uma casa de banho.

Durante a permanência em Gaza não eram incomum ouvir-se o som dos bombardeamentos israelitas a partir dos locais em que os reféns eram mantidos. Um dos ataques acabou mesmo por destruir e provocar o colapso de um edifício onde alguns permaneciam, permitindo a fuga de um deles.

Trata-se de Roni Krivoi, um russo-israelita que trabalhava como técnico de som no festival de música Supernova, em Israel, e foi libertado no domingo devido à intervenção do governo russo. À rádio pública israelita, a tia, Yelena Magid,  revelou que o jovem conseguiu fugir dos combatentes do Hamas e esteve quatro dias por si próprio em Gaza.

O jovem ainda tentou alcançar a fronteira, mas sem sucesso. “Não conseguiu compreender onde estava ou para onde devia ir, por isso andava exposto em campo aberto. Estava sozinho”, relatou a tia.

Até agora os reféns libertados pelo Hamas relataram ter sido bem tratados, apesar da comida disponível ser pouca em Gaza. Esta segunda-feira marca o quarto e último dia de tréguas em Israel e o Hamas para libertação de reféns. Para já ainda não avançou a troca de reféns e prisioneiros prevista, com o Qatar, que tem mediado o processo, a admitir a existência de um “ligeiro problema” com as listas, numa altura em que 184 israelitas continuam detidos em Gaza.

Do lado israelita, a separação de membros da mesma família estará entre os problemas levantados. Não seria a primeira vez e foi o caso de Maya Regev, uma jovem de 21 anos que passou 49 dias em cativeiro e foi libertada sem o irmão, Itay, que permanece em cativeiro.

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Fontes palestinianas ouvidas pelo jornal Haaretz indicaram que o Hamas apontou como um problema o facto de os nomes de seis palestinianas detidas antes dos ataques de 7 de outubro não constarem na lista da troca prevista para esta segunda-feira. Segundo o jornal israelita, antes dessa data estavam detidas nas prisões israelitas 38 mulheres palestinianas, sendo que 32 já foram libertadas. Na sequência dos ataques, dezenas de palestinianas foram presas, mas o Hamas apela a que primeiro sejam libertadas as mulheres que estão detidas há mais tempo.