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A “esperança” estava não só nas mãos da família, como do próprio Ministério dos Negócios Estrangeiros português. Esta sexta-feira, foram libertados os primeiros 13 reféns israelitas, dos 240 raptados a 7 de outubro. Entre eles, uma luso-isaelita.

Com 72 anos, Adina Galante, ou Adina Moshe, foi uma das primeiras a ser vista dentro da ambulância que partiu esta sexta-feira da Faixa de Gaza e chegou a Israel ao final da tarde. Depois das imagens terem sido divulgadas, os vizinhos da cidadã luso-israelita reconheceram-na imediatamente.

A descendente de judeus sefarditas que foram expulsos da Península Ibérica no final do século XV, como revelou a TSF, foi raptada do kibutz Nir Oz, um dos mais afetados pelo ataque de 7 de outubro. Algumas informações indicam que os militantes do Hamas assassinaram o seu marido, Said Moshe, e a raptaram quando estava ainda de pijama e sem sapatos.

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O sequestro de Adina tornou-se uma das imagens do ataque do mês passado – um vídeo do momento mostrava a luso-israelita, em cima de uma mota, no meio de dois terroristas.

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Com quatro filhos, Adina costuma visitar Portugal regularmente, tendo conseguido a nacionalidade portuguesa quando já estava em cativeiro. Segundo o Público, a certidão de nascimento foi emitida pela Conservatória dos Registos Centrais a 24 de outubro.

Horas depois da troca de reféns e prisioneiros, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, confirmou a sua libertação. “Tínhamos a esperança, não queríamos falar muito do assunto. Tínhamos a esperança e confirma-se que saiu”, disse, citado pela agência Lusa.

O primeiro dia de tréguas entre Israel e o Hamas não ficou apenas marcado pela libertação de uma luso-israelita. Dos 13 reféns que regressaram esta sexta-feira para os braços das suas famílias, só um não foi capturado no mesmo kibutz de Adina. A maioria perdeu familiares no dia do ataque e houve até quem tivesse de deixar alguns em cativeiro. Conheça as histórias dos que foram libertados esta sexta-feira.

Hanna Katzir, 76 anos

Também residente do kibutz Nir Oz, Hanna Katzir, tinha sido dado como morta pela Jihad Islâmica. Porém, esta sexta, a israelita de 76 anos acabou por ser libertada com os outros reféns.

A mãe de três e avó de seis foi raptada a 7 de outubro com o seu filho Elad, de 47 anos, e o seu marido, Rami Katzir, foi morto. No início do mês, foi divulgado um vídeo de Hanna, onde esta apareceu de cadeira de rodas e admitiu ter “saudades de casa, dos filhos, do marido e da sua querida família”.

Yafa Adar, 85 anos

Além de ter sido a pessoa mais velha a ser raptada pelo Hamas, Yafa Adar é a fundadora do kibutz Nir Oz, explica a CNN. Mãe de três filhos, avó de oito e bisavó de sete crianças foi levada num carrinho de golfe com quatro militantes do Hamas, tendo o seu neto Tamir, 38 anos, também sido capturado. Este continua em Gaza, revela a BBC.

Margalit Mozes, 77 anos

A professora de biologia reformada foi raptada em casa, também no kibutz Nir Oz, e foi muito falada devido aos seus problemas de saúde. Além de ter sobrevivido a um cancro, Margalit Mozes tem diabetes, fibromialgia e requer “muita medicação”. Segundo a CNN, “adora conviver com a natureza e planeava visitar Moçambique este inverno”.

Ohad Munder-Zichiri, 9 anos, Keren Munder, 54, e Ruthi Munder, 78

Ohad Munder-Zichri fez nove anos em cativeiro, mas agora conseguiu ser libertado com a sua mãe, Keren Munder, 54 anos, e a sua avó Ruthi Munder, 78.

O menino e a mãe tinham ido visitar os avós ao kibutz Nir Oz e acabaram por ser raptados pelo Hamas, tendo o irmão de Ruthi, Roee, sido assassinado. Já o seu marido, Avraham, 78 anos, continua preso em Gaza.

“Ela conheceu o marido no kibutz… Ruth é uma mulher muito talentosa. Era a bibliotecária e costureira do kibutz. Ela também tricota, pinta, costura, frequenta aulas e viaja em família”, descreveu-a o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, citado pela CNN.

Danielle Aloni, 44 anos, e Emilia, 5

Apesar da felicidade de serem libertadas, Danielle Aloni, 44 anos, e a sua filha Emili, cinco, tiveram de deixar para trás outros quatro membros da família que foram raptados pelo Hamas e continuam em Gaza.

A israelita, que apareceu num vídeo de reféns, foi raptada no kibutz Nir Oz, juntamente com a sua irmã, Sharon Aloni Cunio, 34 anos, o seu marido, David Cunio 33, e as suas filhas gémeas, Ema e Yuly, de três anos.

Doron Katz Asher, 34, Raz Asher, 4, Aviv Asher, 2

Doron Katz Asher, 34 anos, e as suas filhas, Raz, de quatro, e Aviv, de dois, foram raptadas enquanto estavam em casa de familiares, perto da fronteira com Gaza. O seu marido, Yoni, descobriu através de um vídeo que as mostrava num camião com outros reféns, tendo também localizado o seu telemóvel.

“Aqueles pensamentos intermináveis de: ‘Onde é que eles estão? Como é que estão? O que se está a passar a cada minuto do dia?’. Tal pode levar-nos à loucura”, disse o marido, Roberts, cuja tia também foi raptada, à CNN. “Acordo com pesadelos e tenho sempre o rosto delas na minha cabeça. Tenho tentado manter-me afastado dos vídeos que aparecem nas redes sociais”.

Channah Perri, 79

Channah Perri, 79 anos, estava ao telefone com a sua filha, Ayelet Svatitzky, quando os militantes do Hamas invadiram a sua casa e a raptaram e ao seu filho, Nadav Popplewell, 51. Segundo a BBC, “a filha disse que os raptores tiraram fotografias com os dois, com diversos homens armados ao fundo”.

A mulher vivia em Israel, depois de ter emigrado da África do Sul, na década de 60. Além de Ayelet e Nadav, tem outro filho.

Além dos 13 cidadãos israelitas, foram libertados 11 estrangeiros: dez tailandeses e um filipino, segundo avançou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Majed Al-Ansari.

Segundo o Channel 12, Nathavaree Mulkan foi a única mulher tailandesa a ser libertada, após diversos rumores terem alegado que estava grávida e que, inclusivamente, já tinha dado à luz em Gaza.

Os 11 estrangeiros já chegaram ao hospital Shamir (Assaf Harofeh) Medical Center, tendo uma avaliação médica verificado que estavam de boa saúde.

Já do lado israelita, foram libertados 39 palestinianos —  24 mulheres e 15 adolescentes do sexo masculino. Uma fonte oficial palestiniana disse que, destes, 33 são reclusos da prisão de Ofer, que já chegaram ao checkpoint de Beitunia, e os outros seis são de uma prisão de Jerusalém.