José Mourinho não tem papas na língua. A Roma complicou a própria vida ao empatar com o Servette (1-1) na Suíça e, mais do que isso, o treinador português expressou a insatisfação que sentiu com a atitude dos jogadores. “Fiz 150 jogos na Liga dos Campeões, que são mais difíceis, e parece que há quem não tenha história na Europa e jogue estes jogos em serviços mínimos. Há aqueles que dão tudo nos 90 minutos e os que torcem o nariz a esta competição”, disse Mourinho após o deslize.

A irritação tinha fundamento. A Roma estava numa luta renhida com o Slavia Praga pela liderança do grupo G. O empate com o Servette fazia com que o emblema italiano perdesse terreno para os checos e adiasse para a última jornada, na receção ao Sheriff, as decisões em relação a um eventual apuramento direto para os oitavos de final que estava complicado e não dependia dos giallorossi. 

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Mourinho tinha então que fazer a sua parte e cruzar os dedos para que no Slavia Praga-Servette o resultado fosse favorável. E não era a única coisa sobre a qual a Roma tinha que confiar mais nas superstições do que no lado prático das coisas, Renato Sanches que o diga. A transmissão televisiva do jogo entre a Fiorentina e a Roma apanhou o internacional português a desabafar com Jonathan Ikoné, com que o médio jogou no Lille. O tema foi a quantidade de lesões que o jogador formado no Benfica tem sofrido nos últimos tempos.

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O jornal La Repubblica noticiou que Renato Sanches teria consultado uma “bruxa” para tentar afastar o azar. No final, tudo não passou de um mal-entendido. “Nunca disse que fui a uma bruxa, estava a ter uma boa conversa com o meu ex-colega. Falámos sobre vários assuntos, porque sempre tivemos um bom relacionamento e o que eu disse foi que talvez alguém me tenha amaldiçoado ou algo do género…”, esclareceu Renato Sanches na rede social X.

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Renato Sanches foi pela primeira vez titular na Roma desde setembro, altura em que se lesionou. A última vez que o médio tinha integrado as escolhas iniciais de Mourinho foi precisamente no jogo da primeira volta contra o Sheriff (2-1). “Espero que ele consiga subir a intensidade. Ele está um pouco contido pelo medo de lesões musculares. Espero que a emoção e a adrenalina do jogo possam ajudá-lo a superar isso, porque senão será difícil para ele ter um desempenho de alto nível e jogar com intensidade. Acho que é um jogo importante para ele, do ponto de vista individual”, referiu o treinador giallorossi. “Não espero 90 minutos de baixa intensidade. Espero 45, 55, 60 minutos a sério. É isso que espero do Renato”.

Há mais Renato Sanches para lá das lesões? Mourinho foi forçado a substituir o médio na vitória da Roma contra o Sheriff

Mesmo sem Dybala, que, devido a lesão, só volta a jogar no início do próximo ano, a Roma conseguiu soluções criativas para chegar ao golo. Numa situação de relativo aperto, foi Lukaku (11′) que fez a diferença, logo a abrir o encontro, servido por um cruzamento perfeito, junto à relva, de Zalewski entre o guarda-redes e a linha defensiva. A Roma esteve permanentemente em organização ofensiva. Contra um bloco baixo, Renato Sanches não teve muito espaço para fazer os movimentos de rutura que o caracterizam, mas descobriu outras formas de ser influente. Numa das poucas vezes que o português esteve de frente para a linha defensiva do Sheriff, picou a bola para Zalewski fazer nova assistência, desta vez para Belotti (32′).

O sentido de urgência fazia a Roma apresentar uma faceta ofensiva que não é de todo a imagem dos italianos. Projeção simultânea dos laterais, dois pontas de lança puros, médios interiores colados ao ataque e três centrais subidos foram os aspetos que se evidenciaram no 3x5x2 giallorossi. Condizendo com a organização em campo, nos dois golos, o emblema italiano apressou-se em ir buscar a bola ao fundo das redes para tentar marcar o maior número de vezes possível para uma eventual necessidade desempate com o Slavia Praga. No entanto, na Rep. Checa, ao intervalo, o Slavia vencia o Servette por 4-0 (resultado final), praticamente confirmando o primeiro lugar do grupo.

No balneário, no final da primeira parte, a informação de que a liderança do grupo estava num nível praticamente inalcançável deve ter chegado aos ouvidos dos jogadores italianos, porque o ímpeto mudou. A Roma começou a esbarrar mais vezes na defesa do Sheriff. Nem Lukaku conseguiu acertar com perigo no alvo. Em contrapartida, Svilar, que rendeu Rui Patrício, na baliza da equipa da capital teve que realizar algumas defesas. Renato Sanches saiu aos 61 minutos, com o jogo controlado, para dar lugar a Riccardo Pagano. Mourinho lançou também El Shaarawy para o campo e a Roma voltou a ganhar novo dinamismo. Niccolò Pisilli teve oportunidade de fazer a estreia europeia e não podia ter corrido de melhor maneira. O jogador de 19 anos (90+3′) completou o 3-0 mesmo em cima do apito final.

O Slavia Praga terminou a fase de grupos  na liderança do grupo e está apurado para os oitavos de final (15 pontos). Em contrapartida, a Roma (13 pontos) vai ter que jogar um playoff frente a uma das equipas que caiu da Liga dos Campeões. O Servette (4 pontos) desce à Liga Conferência, enquanto que o Sheriff (1 pontos) deixa as competições europeias.