Siga aqui o nosso liveblog sobre a guerra na Ucrânia
O Conselho Europeu decidiu abrir as negociações formais de adesão à União Europeia (UE) com a Ucrânia e a Moldávia, anunciou o presidente da instituição, falando num “sinal claro de esperança” para estes países.
“O Conselho Europeu decidiu abrir negociações de adesão com a Ucrânia e a Moldávia”, anunciou Charles Michel, numa publicação na rede social X, após horas de discussões entre os chefes de Governo e de Estado da UE, reunidos esta quinta-feira em cimeira europeia, em Bruxelas, um encontro marcado pelas ameaças húngaras de veto a decisões como a agora conhecida.
The European Council has decided to open accession negotiations with Ukraine & Moldova. #EUCO granted candidate status to Georgia. And the EU will open negotiations with Bosnia and Herzegovina once the necessary degree of compliance with the membership criteria is reached and…
— Charles Michel (@CharlesMichel) December 14, 2023
A Hungria mostrou-se desde o início contra a abertura das negociações com a Ucrânia, o que gerou receios de que não fosse possível avançar com o acordo para dar início às conversações. Segundo a Bloomberg, Orbán deixou a sala momentos antes da votação, sem delegar o voto a mais ninguém.
No momento em que a questão foi colocada, ninguém levantou objeções e o presidente do Conselho Europeu deu o ponto como aprovado por unanimidade.
O momento em que o primeiro-ministro húngaro abandonou a sala de votação foi previamente combinado como uma forma de Orbán levantar o veto húngaro de maneira “oficiosa”.
“Forma elegante de resolver a questão”
À saída da Conselho Europeu em Bruxelas, António Costa salientou o caráter “histórico” da decisão de abrir negociações com vista à adesão de Ucrânia e Moldávia à União Europeia. “É um dia histórico. Ao contrário do que muita gente receava, foi possível estabelecer um consenso para abrir negociações”, disse o primeiro-ministro demissionário.
O ainda chefe de Governo elaborou sobre o momento em que Viktor Orbán abandonou a sala de votação para abrir caminho ao voto favorável dos outros 26 líderes. Costa confirmou que o momento foi “devidamente acordado” e elaborou sobre os motivos.
[Já saiu: pode ouvir aqui o sexto e último episódio da série em podcast “O Encantador de Ricos”, que conta a história de Pedro Caldeira e de como o maior corretor da Bolsa portuguesa seduziu a alta sociedade. Pode sempre ouvir aqui o quinto episódio e aqui o quarto, o terceiro aqui, o segundo aqui e o primeiro aqui]
“A Hungria não queria bloquear a decisão mas não se queria associar a ela. Depois de uma longa discussão, conclui-se que havia uma forma elegante de resolver a questão”, explicou Costa.
Assegurando que Budapeste “não pediu nada em troca”, o primeiro-ministro português disse que a ideia partiu do chanceler alemão, Olaf Scholz, e que Orbán “concluiu que era uma boa solução”, disse.
O Presidente ucraniano, que chegou esta quinta-feira à Alemanha para uma visita surpresa, foi rápido a reagir à notícia de que a UE decidiu abrir as negociações para a adesão do país ao bloco comunitário. “É uma vitória para a Ucrânia. Uma vitória para Europa. Uma vitória que motiva, inspita e fortalece”, escreveu numa publicação no X.
This is a victory for Ukraine. A victory for all of Europe. A victory that motivates, inspires, and strengthens. https://t.co/zk44CeL5Ui
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) December 14, 2023
É uma decisão estratégica e um dia que ficará gravado na história da nossa União”, declarou a presidente do executivo comunitário numa mensagem na sua conta na mesma rede social.
Leaders have decided to open accession negotiations with Ukraine and Moldova and to grant candidate status to Georgia.
A strategic decision and a day that will remain engraved in the history of our Union
Proud that we have lived up to our promises and delighted for our partners
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) December 14, 2023
Já o primeiro-ministro húngaro partilhou nas redes sociais um vídeo em que explicou que a posição húngara se mantém inalterada. “A adesão à Ucrânia à UE é uma má decisão. A Hungria não quer tomar parte desta má decisão”, sublinhou momentos depois do anúncio do presidente do Conselho Europeu.
Ainda que as negociações para a adesão tenham sido aprovadas, há ainda um longo caminho a percorrer até que esse cenário seja uma realidade. No rescaldo da decisão desta tarde, o diretor político de Viktor Orbán, deixou antever que Budapeste vai continuar a colocar obstáculos ao processo, que ainda agora vai no início.
Balázs Orbán (não há relação de parentesco) disse que a decisão do primeiro-ministro abandonar a sala de votação foi tomada “para evitar cooperar naquilo que entendemos como uma decisão insensata”.
Numa publicação nas redes sociais, o responsável húngaro lembrou ainda o processo que ainda está pela frente — e deixou antever que a Hungria irá continuar a colocar obstáculos no caminho.
In the last few hours in Brussels, the European Council has deliberated on Ukraine's accession. Hungary's stance remains firm and unaltered: we do not consider Ukraine ready for EU negotiations.Consequently we oppose commencing negotiations.
However, 26 EU Member States hold a… pic.twitter.com/PVxYKWJObe
— Balázs Orbán (@BalazsOrban_HU) December 14, 2023
“Os Estados-membros ainda têm de acordar unanimemente uma estrutura de negociação. Além disso, um mínimo de 70 decisões serão necessárias ao longo dos próximos anos para viabilizar o acesso da Ucrânia à UE”, pode ler-se.