A organização da marcha feminista de 8 de março quer que a data este ano permita “reforçar as conquistas de Abril” e “mobilizar para o voto” nas legislativas, assinalando a coincidência de ser o último dia de campanha eleitoral.

Aliyah Bhikha, porta-voz da Plataforma Feminista que, em conjunto com a Rede 8 de Março, organiza a marcha feminista que habitualmente decorre no Dia Internacional da Mulher, explicou à Lusa que o facto de a marcha deste ano coincidir com os 50 anos do 25 de Abril e com o fim da campanha eleitoral para as legislativas leva a que faça “todo o sentido” lançar já um apelo à participação coletiva na iniciativa, mas também num “caminho de participação” centrado em iniciativas de debate e reflexão para “exigir mais e melhor” também aos partidos.

“Esperamos que os partidos apresentem propostas que pretendam aumentar ainda mais o direito à igualdade”, disse a ativista, que espera medidas ao nível da igualdade salarial, combate ao assédio e acesso a serviços obstétricos, “que têm falhado às mulheres”, assim como acesso à saúde de forma generalizada.

Para isso, Aliyah Bhikha pede aos partidos mais investimento público no combate às desigualdades de género, o contrário do que prometeu fazer André Ventura, líder do Chega, na convenção do último fim de semana, durante a qual prometeu retirar fundos públicos alocados a esta área para financiar propostas do seu programa eleitoral.

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Parece-nos sobretudo que a extrema-direita quer fazer uma polémica barata com as nossas vidas e, isso, nós não aceitamos. Qualquer pessoa que queira discutir este tema de uma forma séria entende que não faltam razões para aumentar o investimento público para a igualdade. Todos os anos há dezenas de mulheres assassinadas e milhares de mulheres, pessoas LGBT, pessoas racializadas, pessoas com deficiência que são discriminadas e agredidas, portanto, é isso fazer uma polémica barata com as nossas vidas e não levar a sério todo o caminho que foi feito e que tem que ser feito pela liberdade e igualdade”, criticou.

Sobre a marcha a 8 de março, a porta-voz da Plataforma Feminista disse que o percurso deste ano em Lisboa, entre a Alameda e o Rossio, foi escolhido tendo por base a participação das ativistas do Movimento pela Vida Independente, “de forma a remover os obstáculos à participação das pessoas com mobilidade condicionada”.

“Também na convocatória vamos apelar a que nas outras cidades haja a mesma preocupação e se desenhe também um percurso inclusivo”, acrescentou.