“O Algarve é muito querido no verão mas esquecido no inverno”, diz o candidato da Aliança Democrática, Miguel Pinto Luz a Jamila Madeira, a cabeça de lista do PS, num debate marcado pelo passa culpa nas responsabilidades pelo esquecimento da região. O candidato do Chega, Pedro Pinto, diz que desde 2009 os dois maiores partidos nada fizeram pelo distrito de Faro.
O candidato da AD, que foi acusado de ser ‘paraquedista’ em Faro – o termo que se refere a candidatos que não são dos distritos pelos quais se candidatam –, diz que não está “numa competição para ver quem é mais algarvio”, mas parte de imediato ao ataque ao dizer que “existe um esquecimento profundo, uma divisão e um nepotismo absolutamente gritante”, comparando o legado de figuras socialistas como Jamila Madeira ou José Apolinário com sociais-democratas como Macário Correia ou Mendes Bota.
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Já a deputada do PS e cabeça de lista pela região apontou o dedo ao PSD na construção da barragem de Odelouca, inaugurada em 2009, ao dizer que foi “toda pela mão do PS” e criticou a postura quanto à Estrada Nacional 125, onde acusa os sociais democratas de serem os responsáveis pelo conflito judicial que está a atrasar as obras de requalificação. Para Jamila Madeira, o candidato da AD “tem andado a visitar o Algarve” e tem “muitas obras para visitar”, numa referência à construção de habitação pública que a candidata do PS defende.
Miguel Pinto Luz volta a apontar o “esquecimento” a que o Algarve é votado e refere o elevado número de segundas habitações – “39% mais do que qualquer outra região” –, para garantir que tem “um compromisso com os algarvios” que “pretende cumprir” e para atirar “ao PS e a Jamila Madeira que esquecem o Algarve no dia seguinte [às eleições]”.
Esta troca de galhardetes serviu para Pedro Pinto, do Chega, atirar aos dois partidos, ao dizer que “não deixa de ser curioso estarmos a discutir a barragem de Odelouca que foi a última coisa que PS e PSD fizeram no Algarve”, acrescentando que “não adianta Pedro Nuno Santos ir dançar o corridinho ao Algarve”, para defender que “só o Chega tem apresentado propostas para melhorar a região de Faro” e criticando a postura dos partidos quanto à abolição das portagens na Via do Infante – uma promessa agora feita por Pedro Nuno Santos.
Hospital “eleitoralista” é prioridade, mesmo com dois projetos diferentes para o país
O cabeça de lista do Chega diz que o passo dado pelo Governo de gestão sobre o novo hospital central do Algarve é “puro eleitoralismo” mas também refere que “o importante é que o projeto avance, apesar de ser a demonstração do desespero do PS”. Ainda assim, Pedro Pinto manifesta “muitas dúvidas se com Pedro Nuno Santos este hospital será feito”, porque “António Costa fez zero hospitais”.
Também Miguel Pinto Luz salienta que o importante é o projeto avançar mas que o Governo “devia ter tido outro cuidado” com o timing da decisão. A candidata do PS, que foi secretária de Estado Adjunta e da Saúde, garante que o “cronograma decidido está a ser implementado” e que “não para por muito que a direita queira”.
Os candidatos do PS e da AD que têm também visões diferentes sobre os desempenhos dos líderes, com Jamila Madeira a considerar que quem assistiu ao debate ficou com “a noção de quem tem propostas e de quem não tem e está numa posição de dizer: todos menos o PS”, mas Miguel Pinto Luz diz que “Luís Montenegro mostrou estar muito mais bem preparado do que Pedro Nuno Santos” que acusa de ser “ligeiro na análise e no conteúdo”.