A porta-voz do PAN elegeu este sábado como “grande desafio” para as eleições legislativas de 10 de março a conquista de um grupo parlamentar para responder às “ameaças sérias” à democracia com o crescimento de forças populistas.

“No próximo dia 10 de março temos um grande desafio, dar mais força às causas que representamos, conquistando um grupo parlamentar e salvaguardar a democracia no nosso país”, afirmou Inês de Sousa Real, em declarações aos jornalistas no âmbito de uma iniciativa política que decorreu no bairro social da Nazaré, no Funchal.

A porta-voz do PAN considerou que o país enfrenta “ameaças sérias à democracia”, aludindo ao “crescimento de forças populistas antidemocráticas, que se dizem antissistema, mas que fazem parte do sistema”.

A dirigente acrescentou, sem mencionar nomes de partidos, “que cada voto nestas forças, é estar a financiar e a dar mais capacidade de atuação a estas forças políticas que põem em causa direitos fundamentais, como as questões sociais”.

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Estas declarações surgiram depois de Inês de Sousa Real ter sido questionada pelos jornalistas relativamente ao facto de o antigo porta-voz do PAN na região ter pedido o afastamento da porta-voz nacional.

Joaquim Sousa foi suspenso da militância do PAN em setembro do ano passado, tendo o Tribunal Constitucional, decidido, num acórdão publicado na segunda-feira, que houve “ilegalidade” no processo que determinou a suspensão preventiva.

Em resposta, Inês de Sousa Real desvalorizou o processo e focou-se nos objetivos para as legislativas de 10 março.

“Aguardamos que corra o processo disciplinar em curso e também o processo que está no Tribunal Constitucional. O PAN está focado naquilo que são as preocupações, quer dos madeirenses e porto-santenses e também da população a nível nacional”, realçou.

Questionada, por outro lado, se o PAN tem sentido alguma reação adversa na rua pelo facto de ter firmado um acordo de incidência parlamentar com a coligação PSD/CDS-PP e tendo em conta a crise política que se vive na Madeira, com a demissão do presidente do executivo insular, Miguel Albuquerque, na sequência de um processo judicial que investiga suspeitas de corrupção, Inês de Sousa Real foi perentória: “de forma alguma”.

“Aquilo que sentimos quando andamos pela rua é, pelo contrário, uma grande simpatia pelo trabalho do PAN, pela nossa deputada única e pela equipa que integra a Comissão Política Regional da Madeira”, afirmou, argumentando que “as pessoas sabem que contam com o PAN para levar até ao parlamento regional causas que antes não tinham representação”.

Sobre se considera que Miguel Albuquerque tem condições para se recandidatar à liderança dos sociais-democratas madeirenses, Inês de Sousa Real considerou que “não cabe ao PAN tomar decisões pelo PSD” e frisou que o partido já deixou “bem clara” qual a sua posição “relativamente quer ao acordo, quer à continuidade de Miguel Albuquerque”.

Em 17 de fevereiro, o representante da República, Ireneu Barreto, anunciou que vai manter o Governo da Madeira em gestão até o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, decidir se dissolve a Assembleia Legislativa, o que só poderá ocorrer depois de 24 de março, seis meses após as últimas eleições legislativas regionais.

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No mesmo dia, o PAN/Madeira manifestou-se preparado para eleições legislativas regionais antecipadas, mas reiterou que prefere a indigitação de um novo executivo, sem Miguel Albuquerque.

Entretanto, dois dias depois, o PSD/Madeira marcou eleições diretas para 21 de março e, no final da reunião da Comissão Política regional, Miguel Albuquerque indicou que “quase de certeza” se irá recandidatar ao cargo”.