O Algarve acolhe na terça-feira a primeira gala Michelin exclusivamente portuguesa, em que serão conhecidos os restaurantes portugueses distinguidos com estrelas em 2024, uma forma de o guia ibérico destacar a gastronomia nacional.

Portugal chega a esta cerimónia com um total de 31 restaurantes com uma estrela Michelin (“cozinha de grande nível, compensa parar”) e sete com duas estrelas (“cozinha excelente, vale a pena o desvio”). O país nunca teve a classificação máxima (três estrelas, “uma cozinha única, justifica a viagem”).

Na terça-feira à noite, as novidades portuguesas serão anunciadas numa cerimónia em Albufeira e em que são esperados cerca de 500 convidados, num evento patrocinado pelo Turismo de Portugal com cerca de 400 mil euros.

Na edição deste ano, uma alteração esperada é a perda da estrela Michelin do restaurante Eneko Lisboa (chefs Eneko Atxa e Lucas Fernandes), que encerrou portas no final de 2023.

Nos últimos meses, houve outras mudanças em algumas cozinhas premiadas: Paulo Alves saiu do Kabuki Lisboa, um restaurante de cozinha japonesa que conquistou a primeira estrela na edição de 2023, sendo substituído pelo até então sub-chefe, Sebastião Coutinho.

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O espanhol Martín Berasategui, o chef com mais estrelas Michelin (12) na Península Ibérica, saiu do Fifty Seconds by Martín Berasategui (uma estrela, Lisboa), tal como o chef executivo Filipe Carvalho, que vai comandar um restaurante do grupo JNcQuoi.

A assumir a chefia da cozinha do restaurante no topo da Torre Vasco da Gama, estará Rui Silvestre, que deixa assim o Vistas (uma estrela, Vila Nova de Cacela).

A gala realizada em Toledo em novembro de 2022, para apresentar o Guia Michelin Espanha e Portugal 2023, foi a última em que os distinguidos dos dois países foram anunciados na mesma ocasião.

Menus pequenos, ambientes descontraídos e produção nacional. O que reserva a ementa para o fine dining?

O diretor internacional da publicação, Gwendal Poullennec, justificou, então, à Lusa, a decisão de separar os anúncios dos dois países: a gastronomia portuguesa está a evoluir rapidamente e o Guia Michelin quer colocar Portugal no mapa da culinária mundial.

“Os nossos inspetores têm vindo a acompanhar a evolução da paisagem culinária, há anos. Acreditamos no potencial da atual cena culinária portuguesa, mas também acreditamos definitivamente que mais irá acontecer”, afirmou o responsável.

A Michelin ibérica começou a realizar galas no início da década de 2010, para assinalar o centenário do guia de Espanha e Portugal, mas todas as cerimónias decorreram sempre em Espanha, à exceção de uma, que decorreu em Lisboa em 2018 para apresentar a edição do ano seguinte.

Na edição de 2023, cinco portugueses ganharam a primeira estrela: Encanto (José Avillez e João Diogo), Kabuki Lisboa (à altura, Paulo Alves), Kanazawa (Paulo Morais) — em Lisboa , Euskalduna Studio (Vasco Coelho Santos) e Le Monument (Julien Montbabut), ambos no Porto.

Portugal conquistou ainda uma nova estrela verde, que destaca a gastronomia portuguesa, atribuída ao Mesa de Lemos (Passos de Silgueiros, uma estrela Michelin), chefiado por Diogo Rocha, que se juntou aos já galardoados Il Galo d’Oro (Funchal, duas estrelas Michelin) e Esporão (Reguengos de Monsaraz, uma estrela).

O jantar vai ser confecionado por sete ‘chefs’ “algarvios”, coordenados por Dieter Koschina (Vila Joya, Albufeira, duas estrelas) e João Oliveira (Vista, Portimão, uma estrela) — que também cozinham —, além de Hans Neuer (Ocean, duas estrelas, Alporchinhos), José Lopes (Bon Bom, uma estrela, Carvoeiro), Libório Buonocore (Gusto by Heinz Beck, uma estrela, Almancil), Louis Anjos (Al Sud, uma estrela, Lagos) e Luís Brito (A Ver Tavira, uma estrela, Tavira).