O Presidente da República disse eta quarta-feira que, em campanha eleitoral, “cada um dramatiza no que entende que é útil” para obter votos, em resposta aos jornalistas sobre as declarações de Passos Coelho a ligar imigração à alegada insegurança.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas durante a visita à Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), quando foi questionado sobre as declarações do antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que, num comício da Aliança Democrática (AD), em Faro, na segunda-feira, ligou a imigração a um alegado sentimento de insegurança no país.

O Presidente da República disse que não queria comentar casos específicos, mas apontou que, “em campanha eleitoral, cada um defende os seus pontos de vista e os demais que discordam, discordam, e cada um, naturalmente, dramatiza naquilo que entende que é útil para a obtenção de votos”.

“Depois, na hora da verdade, os portugueses dirão se valeu a pena ou se não valeu a pena”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que vai votar antecipadamente no próximo domingo, pela primeira vez, por considerar que é um estímulo contra a abstenção e também porque, após quatro meses e meio de pré-campanha, sente-se esclarecido.

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“Ao fim de tanto tempo, como nunca houve, que me recorde, na vida política portuguesa recente, ao fim de quatro meses e meio, que é quase meio ano, os portugueses sabem exatamente o que é que pensam e o que sentem em relação aos candidatos, líderes dos partidos ou os outros candidatos e, portanto, eu acho que estou esclarecido”, realçou o Chefe de Estado, enaltecendo o papel da comunicação social pela “missão difícil” que cumpriu durante um período tão longo.

Questionado ainda sobre as declarações do vice-presidente do CDS-PP, Paulo Núncio, candidato pelo círculo eleitoral de Lisboa nas listas da AD, que defendeu a realização de um novo referendo à interrupção voluntária da gravidez (IVG), o Presidente da República voltou a dizer que não quer comentar questões relacionadas com as candidaturas às eleições, porque estaria a tomar uma posição, mas afirmou que, “numa campanha eleitoral, todos os temas são tratados” e “há imensos temas sensíveis”.

Marcelo diz que ataques com tinta por ativistas climáticos perderam eficácia

O Presidente da República considerou ainda que os ataques com tinta já perderam a eficácia, sublinhando que a luta climática “é boa” e que a manifestação é um direito que assiste a todos em democracia.

“A ideia é uma boa ideia, que é o clima e que todos partilhamos. […] É um bom apelo, é um apelo de jovens, agora eu penso que a partir de determinada altura é uma forma de atuação muito pouco eficaz”, considerou o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que a manifestação é um direito que assiste a todos em democracia, mas considerou que esta forma de atuação “francamente, já perdeu eficácia”, por ser repetitiva.

Nos últimos meses tem havido várias ações pelo clima, com ataques com tinta a membros do Governo, como o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, ou o ministro das Finanças, Fernando Medina, entre outras iniciativas levadas a cabo por ativistas.

Os ativistas do movimento Fim ao Fóssil reivindicaram a ação desta quarta-feira em comunicado, argumentando que “nenhum partido tem um plano adequado à realidade climática”.

O movimento estudantil reivindica o fim aos combustíveis fósseis até 2030 e exige que se pare de usar gás para produzir eletricidade até o próximo ano, utilizando antes 100% eletricidade renovável e gratuita.