O Papa Francisco pronunciou-se sobre como gostaria de que as suas exéquias se realizassem, num livro de entrevistas do correspondente do diário espanhol ABC no Vaticano, noticiou esta terça-feira a agência italiana ANSA.
O chefe da Igreja Católica de 86 anos, Jorge Bergoglio, que tem tido uma série de problemas de saúde e usa uma cadeira de rodas para se deslocar, disse que terá um caixão para os ritos fúnebres, mas não um catafalco, acrescentando que quer ser sepultado “com dignidade, como qualquer cristão”, no livro-entrevista “El Sucesor”, de Javier Martinez-Brocal.
Recordando as cerimónias fúnebres do seu antecessor, Bento XVI, em janeiro do ano passado, Francisco disse: “Foi o último velório celebrado dessa forma, com o corpo do Papa exposto fora do caixão, num catafalco.
Morreu Bento XVI, uma década depois da renúncia. Foi o primeiro Papa da história moderna a resignar
“Falei com o mestre de celebrações [litúrgicas pontifícias] e eliminámos isso e muitas outras coisas, porque o ritual estava demasiado sobrecarregado“, afirmou.
Francisco confirmou já ter dado instruções para ser enterrado na basílica de Santa Maria Maior, ao contrário dos seus antecessores, que o foram todos na basílica de São Pedro, sublinhando que gostaria de ser sepultado “numa sala onde são guardados os candelabros”. “É esse o sítio, confirmaram-me que está tudo preparado”, declarou ao jornalista espanhol.
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O Papa argentino explicou que a basílica mariana lhe é muito querida desde antes de se tornar Papa, em 2013, e que costumava ir lá muitas vezes rezar quando era o cardeal Jorge Mario Bergoglio, de Buenos Aires, antes de ser eleito, após a demissão de Bento XVI.
A 11 de fevereiro de 2013, Bento XVI anunciou a renúncia (com efeitos a partir de 28 de fevereiro), invocando uma “falta de força mental e física” devido à idade avançada.
A sua foi a primeira renúncia ao cargo desde a de Gregório XII, em 1415, e a primeira por iniciativa do próprio Papa desde a de Celestino V, em 1294.
Em seguida, contou um episódio: uma vez, na basílica de Santa Maria Maior, um homem tentou ludibriá-lo afirmando querer vender-lhe um relógio.
“De forma puramente instintiva, disse-lhe que não tinha dinheiro comigo, e depois contaram-me que, se tivesse sacado da carteira, ele me teria dado uma bofetada e a teria roubado. Chocante”, comentou.