Telmo Correia, antigo deputado que aceitou regressar à vida política para ser secretário de Estado da Administração Interna neste Governo, defende que o CDS tem nesta nova fase da vida política nacional uma oportunidade de se afirmar como “o braço direito da Aliança Democrática” e de ser útil ao país, mesmo sabendo que partiu para a esta coligação numa correlação de forças muito diferente de outros momentos da sua história.

Em entrevista ao Observador, a partir do 31.º Congresso do CDS, que decorreu ao longo deste fim de semana, Telmo Correia admite que há “um risco” para o partido, mas argumenta que o partido não podia faltar à chamada. “O risco que faz parte da vida e da política e faz parte de quem assume este tipo de funções. Os riscos em política são para assumir e estou convencido, estou absolutamente convencido, que vamos ser capazes. O resto é como os melões: só abrindo é que saberemos o que é que vai acontecer”, defendeu.

Telmo Correia recusou, de resto, a ideia que o CDS se arriscasse a ser uma espécie de muleta do PSD. “Não, é uma coisa completamente diferente, porque a muleta limita-se a ser uma mera ajuda. O braço direito resolve muitos problemas, resolve muitos problemas. O braço direito é sempre muito útil e tem uma identidade própria”, disse.

Coisa diferente é o comportamento que o partido terá no Governo. “O CDS tem que ser leal e é leal. Nesta situação em que o país está, com os problemas que temos para resolver, o CDS tem que ajudar a resolver os problemas. E, para isso, tem que ser leal. Agora, tem de encontrar um equilíbrio entre ser leal e manter a sua identidade própria.”

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O atual secretário de Estado da Administração Interna falou ainda das negociações com os representantes sindicais das forças de segurança, garantindo que o Governo tudo fará para encontrar uma solução para a PSP e GNR, mantendo como absolutas prioridades a valorização das carreiras das forças de segurança nas suas várias dimensões, sendo que uma há evidência que ninguém nega: a de que não há dinheiro para tudo.

“Não posso prometer aqui que temos condições para tudo. É evidente que há coisas que terão que ser prioritárias, esta negociação sobre a questão do suplemento de risco ou de de missão, como lhe queremos chamar. É preciso ter em conta a realidade de cada força, é preciso ver caso a caso. Mas há uma aposta da parte deste Governo e do parte do Ministério da Administração Interna, liderado pela ministra Margarida Blasco, para procurar já resolver esta situação e chegar a um acordo. Não sei quando é que chegaremos a um acordo ou se vamos chegar a um acordo. It takes two to tango.”

Telmo Correia: “CDS quer ser braço direito da AD. É melhor que ser muleta”