O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, defendeu nesta segunda-feira que o alargamento da União Europeia (UE) é “pedra angular” da “estratégia de soberania” do bloco comunitário, alertando os países candidatos e instituições europeias para o “muito trabalho a fazer”.
Temos de estar prontos — de ambos os lados — até 2030 para o alargamento. Para os países candidatos, isto significa realizar as reformas necessárias e resolver todos os litígios bilaterais. Do lado da UE, significa reformar os nossos programas e orçamentos, e a nossa tomada de decisões”, frisou Charles Michel.
Num comunicado divulgado por ocasião do vigésimo aniversário do último grande alargamento do bloco comunitário, em 2004, o dirigente lembrou que este foi “um acontecimento transformador” para o continente europeu.
“Para os novos membros, juntar-se à nossa família da UE tem sido um poderoso motor para mais prosperidade, e o aumento espetacular do seu PIB é a melhor prova”, frisou.
Para Michel, o “grande alargamento” deu à UE “mais influência global”: “O nosso mercado interno é o maior do mundo e tornámo-nos a segunda maior potência comercial mundial de bens, depois da China e à frente dos EUA”.
“Isto deu-nos mais peso e uma posição mais forte em fóruns internacionais como o G7 e o G20. E mais impacto na promoção dos nossos valores democráticos e dos nossos padrões sociais e ambientais”, defendeu.
A 1 de maio de 2004, entraram dez novos Estados-membros no bloco: Chipre, Malta, Hungria, Polónia, Eslováquia, Letónia, Estónia, Lituânia, República Checa e Eslovénia.
Posteriormente, aderiram também a Bulgária e a Roménia, em 2007, e a Croácia, em 2013, tendo o Reino Unido abandonado, em 2020, a UE, que atualmente conta com 27 Estados-membros.
O presidente do Conselho Europeu recordou o “otimismo de 2004” que “parece ter acontecido há muito tempo” e alertou que a UE enfrenta atualmente três grandes choques, o primeiro aquele que o mundo natural enfrenta: as alterações climáticas e a biodiversidade; o segundo o choque da tecnologia: a revolução digital e a inteligência artificial; e o terceiro, o choque de uma transição geopolítica caótica.
Para Charles Michel, a atual ordem mundial está a ser balada pela invasão russa da Ucrânia, mas esta guerra “não se limita aos céus e trincheiras da Ucrânia”.
“A UE, os seus países candidatos e até África estão sujeitos aos ataques híbridos do Kremlin. Migrantes, dinheiro e notícias falsas estão a ser usados pela Rússia como arma para desestabilizar. O Kremlin tem um objetivo claro — esmagar o sonho europeu. Por que? Porque o Kremlin tem pavor da liberdade e da democracia à sua porta”, sublinhou.
O líder europeu frisou ainda que a UE tem uma estratégia, de alcançar a “soberania europeia”, que significa “ficar mais forte, mais influente e ter mais controlo” sobre o seu destino.
Charles Michel apontou, para alcançar essa estratégia, para a necessidade de ser construída uma “economia forte e mais competitiva” ou “desenvolver a prontidão de defesa”.
“Atualmente, o teste da nossa geração é tornar esta Europa mais forte, mais soberana, mais influente, mais integrada e ainda mais unida. Estamos às portas de mais um momento histórico para a nossa União, temos um encontro com a história, vamos aceitá-lo com as duas mãos”, concluiu.
Albânia, Bósnia-Herzegovina, Macedónia do Norte, Montenegro, Sérvia, Turquia, Ucrânia, Moldova e Geórgia são oficialmente países candidatos à adesão. O Kosovo apresentou o pedido em 2022 mas a sua independência não é reconhecida por cinco Estados-membros da UE (Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre).