Juraj Cintula, o homem de 71 anos que atirou sobre o primeiro-ministro eslovaco, surge num vídeo, que foi tornado público após a sua detenção e que terá sido gravado antes do interrogatório policial, em que avança algumas explicações para o ataque contra Robert Fico.

“Não concordo com a política do governo. Por que razão estão os media a ser liquidados, porque está a RTVS [Rádio e Televisão da Eslováquia] sob ataque?”, questiona Cintula, no vídeo divulgado pela televisão TA3.

Recorde-se que, em novembro, o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, qualificou de “inimigos” os media do país e adiantou que o seu Governo iria dar instruções a estes órgãos de comunicação. Um dos órgãos visados pelas medidas do governo de Fico era a estação de televisão Markíza, os jornais generalistas Sme e Dennik N e o portal de notícias Aktuality.

https://twitter.com/nexta_tv/status/1790793026815611113

Um deputado do partido do primeiro-ministro, o SMER, disse na altura que os órgãos visadas poderiam ser impedidos de aceder a conferências de imprensa e comunicados oficiais.

[Já saiu o primeiro episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui.]

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No vídeo aparentemente captado após a detenção, Cintula referiu-se ainda ao sistema judicial eslovaco. “Por que razão Mazák foi retirado do seu cargo?”, questiona o atirador. Segundo o jornal eslovaco Spectator, Ján Mazák foi retirado do cargo de presidente do Conselho Judicial da Eslováquia em abril por indicação do governo. Mazák ligou a sua destituição do cargo ao facto de ter liderado uma investigação sobre corrupção que envolviam o próprio Robert Fico e membros do governo, como o ministro da Defesa.

No mesmo vídeo, Juraj Cistula revela que decidiu atacar o chefe do governo eslovaco há um mês.

Já esta tarde, o ministro da Administração Interna eslovaco, revelou que o atentado contra Robert Fico teve motivações políticas. Matúš Šutaj Eštok relacionou ainda o atentado com o clima crispado na política da Eslováquia, onde se realizaram eleições presidenciais há menos de um mês e legislativas há sete meses.