O líder do Chega, André Ventura, desafiou Isabel Moreira a apresentar provas dos insultos misóginos e racistas que a deputada imputou a elementos da bancada parlamentar do Chega e diz que o “ambiente” que se vive no Parlamento reflete a “fúria” dos portugueses para com o sistema.

A liberdade de expressão e os insultos do Chega

No Programa “Justiça Cega”, da Rádio Observador, Isabel Moreira denunciou a existência de “piores ofensas” e “intimidações” por parte dos deputados do Chega. “Quando estamos a passar nos corredores da Assembleia da República ou nos corredores do hemiciclo para falar, eu já ouvi coisas como vaca, mugidos ou nomes que normalmente se chamam a deputadas que são assumidamente lésbicas”, exemplificou, acrescentando que os alvos “são sempre mulheres, ou quase sempre mulheres” e que as ofensas são feitas com o microfone desligado “para não serem ouvidos e para serem só ouvidos pela pessoa que estão a injuriar”.

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André Ventura desafiou Isabel Moreira a divulgar provas desses insultos e disse que a bancada do Chega é a única com deputados negros. “Não sei de que racismo [Isabel Moreira] está a falar, somos a única bancada que tem negros do Parlamento”, afirmou, aos jornalistas, acrescentando que o Chega é o “grupo mais atacado naquele Parlamento”. “Somos insultados de racistas, fascista, xenófobos. Se andassem comigo o dia todo iam ver e nunca me vim queixar para frente das câmaras.”

[Já saiu o segundo episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio.]

Justiça Cega. Isabel Moreira denuncia as “piores ofensas” e “intimidações” dos deputados do Chega

“Eu próprio já fui ofendido de todas as maneiras nos corredores do Parlamento, por deputados do Bloco e do PS”, acusou, dizendo que é comum tentar cumprimentar deputados de outras bancadas e não obter resposta — dá o exemplo de Isabel Moreira e Mariana Mortágua. “Não me estou a queixar, nem a tirar a gravata a dizer ‘ai, mãe do céu’. É a política. Como dizia António Costa, habituem-se, porque esta intensidade vai continuar a existir”, acrescentou.

O líder do Chega diz mesmo que o ambiente que se vive no Parlamento “é a expressão que os portugueses quiseram, a fúria que têm contra o sistema”.

Em legislaturas anteriores, outras bancadas tiveram deputados negros, como o Bloco (com Beatriz Gomes Dias), o PS (com Romualda Fernandes) ou o CDS (com Hélder Amaral). Para as eleições legislativas de março, nas listas de outros partidos além do Chega constavam candidatas negras (como Seyne Torres, pela CDU; ou Anabela Rodrigues pelo Bloco, que entretanto se tornou na primeira negra portuguesa eurodeputada com a saída de Marisa Matias) mas não foram eleitas.