O banco central norte-americano, a Reserva Federal (Fed), decidiu não avançar já nesta quarta-feira com a primeira descida das taxas de juro deste ciclo, apesar de os últimos dados apontarem para uma tendência melhor na inflação. A taxa de inflação homóloga abrandou em maio, nos EUA, para 3,3%, menos uma décima do que no mês anterior.

A decisão foi anunciada nesta quarta-feira, no final da reunião de dois dias do banco central norte-americano: a taxa de juro de referência mantém-se no intervalo entre 5,25% e 5,5%. Na habitual conferência de imprensa após a decisão, Jerome Powell, o presidente da Fed comentou que “a inflação abrandou significativamente mas continua demasiado elevada“.

Além do controlo da inflação, a Fed também tem no seu mandato o estímulo do crescimento económico e do mercado de trabalho. “O ritmo de aumento dos postos de trabalho continua robusto, embora mais lento do que no primeiro trimestre”, afirmou Powell, salientando que a Fed está “pronta a atuar caso o mercado de trabalho enfraqueça inesperadamente” (o que significaria baixar juros). Para já, contudo, “a taxa de desemprego continua baixa”.

[Já saiu o quinto episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo episódio, aqui o terceiro episódio e aqui o quarto episódio]

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As taxas de juro decididas pela Fed incidem sobre o dólar, diretamente, porém dada a importância da moeda nos mercados financeiros mundiais estas são decisões que afetam os fluxos monetários em todo o mundo. O BCE não esperou pela Fed para começar a descer as taxas de juro, na última semana, pelo que o facto de a inflação nos EUA dar sinais de estar a abrandar é algo que retira pressão sobre a zona euro. Isto porque o BCE deverá poder, assim, fazer novas descidas da taxa de juro sem receio de estar a criar uma divergência demasiado grande na política monetária em relação aos EUA.

Um paradoxo, olhos em Sintra e as vozes na cabeça de Lagarde. Próximo corte de juros do BCE pode vir só no outono

Na comparação mensal, os preços nos EUA ficaram, em média, idênticos aos de abril e a evolução do índice foi de 0%, contra 0,3% no mês anterior. Os números da inflação, divulgados esta quinta-feira de manhã, foram melhores do que o esperado, dado que os analistas apontavam, em média, para uma variação mensal de 0,1% e uma inflação homóloga estável em 3,4%.

A inflação subjacente, que exclui os preços mais voláteis dos alimentos e da energia, também evoluiu favoravelmente e ficou em 0,2% na comparação mensal (0,3% em abril) e em 3,4% em termos homólogos (3,7% em abril). Os analistas esperavam 0,3% e 3,5%, respetivamente.

“A pressão sobre os preços permanece elevada, mas mostrou uma desaceleração bem-vinda”, disse Rubeela Farooqi, economista chefe da High Frequency Economics, citada pela AFP. Apesar da tendência positiva, a taxa de inflação continua bem acima dos 2% idealizados pelo banco central norte-americano.