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O Festival de Almada regressa com Bob Wilson e Lucinda Childs, Peter Stein, Tiago Rodrigues e França em destaque

De 4 a 18 de julho, o teatro volta a fazer de Almada centro e Lisboa periferia. Olivier Py, Mathilde Monnier, Samuel Achac sublinham presença francesa na 41ª edição do Festival de Almada.

Robert Wilson e Lucinda Childs voltam ao Festival de Almada com o espetáculo "Relative Calm", dois anos depois da nova versão de "I was sitting on my patio this guy appeared I thought I was hallucinating"
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Robert Wilson e Lucinda Childs voltam ao Festival de Almada com o espetáculo "Relative Calm", dois anos depois da nova versão de "I was sitting on my patio this guy appeared I thought I was hallucinating"

© Lucie Jansch

Robert Wilson e Lucinda Childs voltam ao Festival de Almada com o espetáculo "Relative Calm", dois anos depois da nova versão de "I was sitting on my patio this guy appeared I thought I was hallucinating"

© Lucie Jansch

O Festival de Almada já havia revelado a joia da coroa da sua programação: o regresso da mítica dupla Robert Wilson e Lucinda Childs. A programação do maior encontro de teatro do calendário nacional, que este ano acontece de 4 a 18 de julho, foi esta sexta-feira integralmente revelada, e inclui criações de Peter Stein, Alexander Zeldin ou Tiago Rodrigues, além de uma forte presença francesa à custa de espectáculos de Olivier Py, Samuel Achache, Mathilde Monnier ou Jeanne Desoubeaux.

À semelhança do último ano, a 41ª edição do festival de teatro acontece em várias salas almadenses (Palco Grande da Escola D. António da Costa, Teatro Municipal Joaquim Benite, Fórum Romeu Correia, Academia Almadense e Incrível Almadense) e apenas uma lisboeta (Centro Cultural de Belém) — ao Observador, Rodrigo Francisco, diretor artístico do Festival de Almada, antecipa que em 2025 o número de salas lisboetas a receber o evento pode aumentar.

Com um orçamento de cerca de 630 mil euros, dos quais um terço são receitas próprias da Companhia de Teatro de Almada (que organiza o festival), outro terço da subvenção da Direção-Geral das Artes, e o restante da Câmara Municipal de Almada, é a capacidade de trazer até Portugal alguns dos mais importantes nomes da dramaturgia contemporânea que torna o festival um chamariz para os que esgotam as assinaturas (custam 90€ e foram colocadas à venda esta sexta-feira).

O objetivo é “dividir esforços para trazer os melhores espetáculos possíveis”, justifica o diretor artístico, usando como exemplo Relative Calm, colaboração entre o encenador norte-americano Robert Wilson e a coreógrafa Lucinda Childs, dois anos depois de I Was Sitting on My Patio This Guy Appeared I Though I Was Hallucinating… A revisitação da peça que se estreou em 1981 acontece nos dias 12 e 13 de julho, no Centro Cultural de Belém, tem custos elevados, “porque envolve muitos meios, por natureza”. “Não poderíamos assumir esses custos sozinhos”, assume Francisco. “Quando essas duas instituições se juntam para, por exemplo, proporcionar que uma assinatura do festival só custe 90 euros, para assistir a 19 espetáculos, isso é serviço público de teatro”, remata.

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[Já saiu o quinto episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo episódio, aqui o terceiro episódio e aqui o quarto episódio]

Num festival em que Almada se torna centro e Lisboa periferia, é na margem sul do Tejo que decorre toda a restante programação, onde se inclui a versão napolitana do clássico de Shakespeare, A Tempestade. É uma “pequena joia”, descreve o diretor artístico do festival, referindo-se ao espetáculo traduzido e adaptado por Eduardo de Filippo para língua napolitana e destinada ao teatro de marionetas. A criação, levada à cena pela companhia centenária Carlo Colla & Figli, sobe ao palco do Fórum Romeu Correia nos dias 6 e 7 de julho.

É uma de duas peças viabilizadas com o apoio do Instituto Italiano de Cultura, que “mais do que duplicou” o apoio ao festival na presente edição. É nesse contexto que o alemão Peter Stein torna ao Festival de Almada passado apenas um ano, desta vez com o Tieffe Teatro Milano para mostrar Crises de Nervos – Três Atos Únicos, de Anton Tchékhov (nos dias 13 e 14, no Teatro Municipal Joaquim Benite), em que perscruta “curtos ensaios dramáticos juvenis” do dramaturgo russo, “escritos numa época em que o dramaturgo publicava abundamente vários contos em jornais e revistas”, lê-se no programa.

"Sans Tambour", de Samuel Achache, é uma produção do mítico Théâtre des Bouffes du Nord, em França. A peça, que se mostra a 9 e 10 de julho no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, conta a derrocada de uma casa, qual espelho da relação do casal que vemos em palco

Numa edição marcada pela forte presença francesa, destaca-se a criação de Olivier Py, antecessor de Tiago Rodrigues à frente do Festival de Avignon, que chega a Almada com Miss Knife, “alter-ego modo-drag queen que acompanha a carreira nos palcos, e a vida, vai para 30 anos”, lê-se na sinopse do espetáculo. E Agora, Miss Knife Tem Um Par… mostra-se no dia 8 de julho, na Escola Secundária D. António da Costa.

Sans Tambour, produzido pelo emblemático Théâtre des Bouffes du Nord, casa de Peter Brook, é outro dos imperdíveis. A encenação do francês Samuel Achache, que parte de um conjunto de lieder de Robert Schumann interpretados ao vivo, conta a história de uma derrocada de uma casa, qual espelho da relação do casal que vemos em palco. A peça foi apresentada no Festival d’Avignon em 2022 e mostra-se agora a 9 e 10 de julho, no Teatro Municipal Joaquim Benite.

Para o encerramento está guardado Onde Vou à Noite (Où je vais la nuit, no original), escrito e encenado por Jeanne Desoubeaux. “É um espetáculo que perseguimos há três anos”, admite o diretor do Festival de Almada, classificando Desoubeaux como uma “encenadora desconhecida em Portugal, mas que é uma estrela em ascensão”. A peça, que parte do mito de Orfeu e Eurídice e da ópera de Christoph W. Gluck, mistura as histórias de duas mulheres comuns com as das figuras míticas, num espetáculo musical e teatral que tem apenas uma récita: no dia 10, na Escola Secundária D. António da Costa.

Nos limites entre o teatro e a dança, o festival recebe ainda a coreógrafa Mathilde Monnier com Black Lights, espetáculo sobre a violência sobre as mulheres, que conta com as portuguesas Isabel Abreu e Carolina Passos Sousa no elenco (10 de julho, na Escola D. António da Costa); o sérvio Josef Nadj com Full Moon, uma “viagem às origens da dança, do movimento e, no limite, da humanidade” (dia 12, Escola Secundária D. António da Costa); e a companhia inglesa Gandini Juggling, que junta Merce Cunningham e malabarismo em LIFE Event No.3 (dia 16, na Escola Secundária D. António da Costa).

Como “Espetáculo de Honra”, estatuto dado ao mais votado pelo público em cada edição para voltar no ano seguinte, a atriz e autora libanesa Hanane Hajj Ali volta a Almada com Jogging, monólogo sobre a condição feminina nos países árabes, mas também sobre a condição de atriz. Sobe ao palco do Incrível Almadense de 5 a 7 de julho.

Na criação nacional, uma surpresa nas “Entrelinhas”

Entre os 19 espetáculos, há muitas criações portuguesas para descobrir, incluindo uma adição de última hora. Por “motivos de força maior”, o monólogo Homens Hediondos, com texto de David Foster Wallace, encenação de Patrícia Portela, numa criação do Teatro Nacional São João (e interpretação de Nuno Cardoso, diretor do TNSJ), cuja estreia estava prevista para 20 de junho, foi adiada. Para a substituir, o Festival de Almada leva à cena “um espetáculo sobre uma estreia que nunca chega a acontecer”, diz Rodrigo Francisco, reconhecendo a ironia.

Trata-se de Entrelinhas, monólogo que Tiago Rodrigues escreveu para Tónan Quito, em que um ator explica ao seu público por que motivo não conseguiu construir o espetáculo que estava prometido. A peça, que mistura o texto do Édipo Rei, de Sófocles, com as cartas de um preso para a sua mãe, mostra-se nos dias 13 a 16, no Incrível Almadense.

Antes disso, é tempo de ver a nova criação da Formiga Atómica, Terminal (O Estado do Mundo), que tem honras de abertura do certame. É um espetáculo que “nos convida a adiar o fim do mundo”, nas palavras de Miguel Fragata, que encena o texto de Inês Barahona (a dupla integra a companhia). A peça sobre a crise climática e como esta empurra a humanidade para a extinção sobe ao palco da Escola D. António da Costa, em Almada, a 4 de julho, a dias antes de seguir para o Festival de Avignon.

Tónan Quito protagoniza "Entrelinhas", uma co-criação do ator com Tiago Rodrigues, que assina o texto da peça sobre um ator que sobe a palco para explicar ao público porque motivo não conseguiu construir o espetáculo que estava prometido

Sendo apanágio do Festival de Almada recuperar criações nacionais dando-lhes um novo palco e fôlego, assim é também com a encenação de Rodrigo Francisco de Além da Dor, texto inaugural do inglês Alexander Zeldin que viria a firmá-lo como nome sonante na cena teatral contemporânea — o dramaturgo passou há um par de meses por Lisboa com The Confessions. A peça sobre uma equipa de trabalhadores de limpeza de uma empresa de trabalho temporário mostrou-se pela primeira vez em 2022 e está de regresso de 5 a 17 de julho, no Teatro Municipal Joaquim Benite.

Entre os espetáculos portugueses para redescobrir estão ainda Fonte da Raiva, criação de Cucha Carvalheiro na qual a atriz e encenadora recupera memórias da sua infância para olhar para o período do Estado Novo (dias 5 e 6 de julho, no Teatro Municipal Joaquim Benite); 1001 Noites — Irmã Palestina, colaboração de João Brites e Olga Roriz sobre a violência das guerras visíveis e as invisíveis, que se mostra dia 6 na Escola D. António da Costa; Salgueiro Maia: Cartografia de Um Monólogo, em que o ator e diretor artístico do Teatro do Noroeste Ricardo Simões cruza a sua história com a do herói de Abril a partir do livro-depoimento autobiográfico de Fernando Salgueiro Maia (de 7 a 11, na Academia Almadense); Remédio, peça de Enda Walsh sobre saúde mental que António Simão encenou para os Artistas Unidos (dias 11 a 17, no Fórum Romeu Correia); e Mãe Coragem, texto de Brecht que António Pires levou ao CCB ainda este mês (dias 17 e 18, no Teatro Municipal Joaquim Benite).

Por fim, entre Portugal e Galiza, eis mais uma chance para ver Manuela Rey Is in da House, de Fran Nuñez (dia 14, Escola Secundária D. António da Costa) e homenagear um nome de mulher que ficou pelo caminho da história durante o século XX.

 
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