O presidente executivo da TAP diz que a empresa tem todas as condições para ultrapassar os indicadores previstos no orçamento para 2024 e voltar a apresentar lucros anuais, apesar dos prejuízos que anunciou nos últimos dois trimestres (último de 2023 e primeiro de 2024).

Chamado à comissão de economia e obras públicas, Luís Rodrigues assegurou que a performance da TAP está a correr melhor do que o previsto. “Com base no que sabemos hoje em termos de reservas e custos”, que adianta estarem controlados ao nível dos combustíveis e recursos humanos, “não temos nenhuma preocupação”. E insistiu: “Não há nenhuma indicação de que a TAP não vá conseguir ultrapassar (os resultados) do orçamento de 2024. Temos todas as condições para acreditar que vamos conseguir ultrapassar o plano”. Desde que está em execução o plano de reestruturação, os lucros da companhia ultrapassaram o que estava previsto para 2022 e para 2023.

Para Luís Rodrigues, o objetivo para a TAP enquanto empresa pública não deve ser o de estar sempre à procura de aumentar os lucros, mas sim ser sistematicamente sustentável e cumprir as suas missões de serviço público e dirigindo-se ao deputado do Chega, Filipe Melo, afirmou: “espero que me chame no final do ano para explicar os bons resultados”. O Chega e o PSD foram os partidos que chamaram o presidente executivo (CEO) e o administrador financeiro da TAP.

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O CEO da companhia recusou ainda comentar a privatização, “já disse que sou a favor”, evitando novo puxão de orelhas público do ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz. E quando confrontado com as declarações de António Costa apanhadas nas escutas da Operação Influencer, nas quais o então primeiro-ministro exige a demissão de Christine Widener da TAP, afirma que ficou “lisonjeado” por ter sido descrito como “gajo muito bom” para ocupar o cargo. Luís Rodrigues saiu da SATA para assumir a presidência da TAP em abril do ano passado.

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Questionado sobre o facto de a TAP ter agravado os prejuízos do primeiro trimestre, face ao mesmo período de 2023, o gestor desvalorizou essa evolução, considerando que os dois resultados não são comparáveis porque os custos da TAP eram “anormais e não sustentáveis” nos primeiros três meses do ano passado. “Refletiam uma enorme falta de investimento a todos os níveis nos últimos anos” e uma massa salarial com os custos com pessoal com cortes de 20% a 40%, o que “não era sustentável”.

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Luís Rodrigues aproveitou ainda a deixa para voltar a criticar a situação em que encontrou de “desorganização” após a anterior gestão de Christine Ourmières-Widener. A TAP estava a usar aviões de terceiros quando tinha aviões no chão, havia 700 a 900 horas vendidas de voos para as quais não existia capacidade de produzir, o que causa cancelamentos sistemáticos e o acumular de passageiros. Segundo o gestor, havia mais de 2.000 discrepâncias entre o TAP comunicava aos seus parceiros de operação e o que estava a ser feito na operação. Todas essas situações, disse, demoram a corrigir e foi necessária uma “intervenção profunda e urgente” para “salvar o verão de 2023”.

É nessa base que Luís Rodrigues justifica o acordo que foi feito com o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil para repor os cortes nos salários, mas também negociar outros pontos do acordo de empresa como as compensações devidas pelo recurso ao uso de outros pilotos nos voos da TAP. Esse acordo levou ao pagamento antecipado de compensações aos pilotos do SPAC de 60 milhões de euros, mas libertou a empresa de pagar mais este ano e em 2025.

O presidente executivo da TAP salientou também a prioridade dada à manutenção da paz social e à necessidade de assegurar a operação no ano passado, assinalando que não se pode fazer tudo ao mesmo tempo, a propósito da reposição de direitos às várias categorias profissionais. A TAP “não tem capacidade para responder a todos de forma satisfatória. Há um calendário”.