A polícia queniana usou esta terça-feira gás lacrimogénio e deteve pelo menos três pessoas durante um protesto em frente ao parlamento queniano contra uma proposta que contempla novos impostos.

A proposta de orçamento para 2024-2025 prevê o nível mais elevado de despesas da história deste país da África Oriental.

A primeira parte das despesas foi aprovada pelo parlamento, onde o Presidente, William Ruto, tem a maioria, mas a parte das receitas  — que inclui um imposto anual de 2,5% sobre os veículos particulares e a reintrodução do IVA sobre o pão  — foi fortemente criticada.

Os deputados deverão começar a analisar o texto esta tarde, que deverá ser votado até 30 de junho.

Pelo menos três pessoas foram detidas durante a manifestação, noticiou a agência de notícias France-Presse (AFP). A polícia, que se deslocou em grande número para o exterior do parlamento e para o centro da capital, também utilizou gás lacrimogéneo.

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O movimento de protesto, apelidado de “Ocupar o Parlamento”, teve início nas redes sociais, depois de um ativista ter colocado online os contactos dos deputados para que pudessem ser contactados e instados a não votar a favor do projeto de orçamento.

A política fiscal do chefe de Estado tem sido uma fonte de descontentamento desde a sua eleição em agosto de 2022.

Ruto, que se apresentou como porta-voz dos mais pobres durante a campanha eleitoral, aumentou nomeadamente o imposto sobre o rendimento e as contribuições para a saúde e duplicou o IVA sobre a gasolina para 16%.

Pelo menos nove pessoas foram mortas em protestos da oposição no Quénia

Estas medidas, defendidas pelo governo para dar ao país de cerca de 51 milhões de habitantes uma maior margem de manobra, levaram a manifestações da oposição no ano passado, por vezes acompanhadas de violência mortal.

Pelo menos onze feridos em manifestações no Quénia contra custo de vida

Uma das economias com maior crescimento na África Oriental, o Quénia registou uma inflação homóloga de 5,1% em maio, com os preços dos alimentos e dos combustíveis a aumentarem 6,2% e 7,8%, respetivamente, de acordo com dados do Banco Central.

O crescimento do PIB deverá abrandar para 5% este ano, depois de atingir 5,6% em 2023 (4,9% em 2022), de acordo com as previsões do Banco Mundial.