Protestos antigovernamentais em Nairóbi, capital do Quénia, foram dispersados com gás lacrimogéneo esta terça-feira. As imagens, partilhadas pela Sky News, mostram confrontos violentos e a polícia de choque nas ruas da cidade, com nuvens de gás lacrimogéneo a espalharem-se ao longo de uma estrada principal.

A Comissão Nacional dos Direitos Humanos do Quénia, citada pela Reuters, afirma que 39 quenianos foram mortos em manifestações e confrontos com a polícia desde 18 de junho. A maior parte das mortes ocorreu a 25 de junho, quando os polícias abriram fogo perto do Parlamento, onde alguns manifestantes tentaram invadir o edifício para impedir que os deputados votassem o aumento dos impostos.

Os manifestantes rejeitaram os apelos do presidente queniano, William Ruto, para conversações, mesmo depois de este ter abandonado a proposta inicial que previa o agravamento fiscal.

Na quinta-feira, a polícia queniana disparou balas de borracha e gás lacrimogéneo contra pequenos grupos de manifestantes que voltaram a protestar em Nairóbi contra as políticas do governo. Dezenas de pessoas foram mortas em confrontos desde 18 de junho, a maior parte das quais foram abatidas por agentes da autoridade na semana passada, quando os manifestantes tentaram invadir o parlamento para impedir que os políticos votassem os aumentos.

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Sobe para 22 número de mortos na manifestação de terça-feira no Quénia

O movimento de protesto anti-impostos, apelidado de “Ocupar o Parlamento” (Occupy Parliament), foi lançado nas redes sociais pouco depois da apresentação ao parlamento, a 13 de junho, do projeto de orçamento para 2024-2025, que inclui um IVA de 16% sobre o pão e um imposto anual de 2,5% sobre os veículos particulares.

Após o início dos protestos, o governo, que considerava necessários novos impostos devido ao pesado endividamento do país, anunciou em 18 de junho que retirava a maior parte das medidas previstas para o efeito.

O Quénia, uma das economias de crescimento mais rápido da África Oriental, registou uma inflação homóloga de 5,1% em maio, com os preços dos alimentos e dos combustíveis a aumentarem 6,2% e 7,8%, respetivamente, segundo o Banco Central.

Um terço dos cerca de 51,5 milhões de habitantes do país vive abaixo do limiar de pobreza. O projeto de orçamento está atualmente a ser debatido no parlamento, com vista a uma votação final antes de 30 de junho.