Milhares de pessoas no norte de Myanmar estavam nesta terça-feira isoladas, sem eletricidade ou comunicações telefónicas, na sequência de grandes inundações, segundo residentes e meios de comunicação social locais.

O rio Ayeyarwady, no estado de Kachin, no norte da antiga Birmânia, ultrapassou o “nível de perigo” na cidade de Myitkyina, após vários dias de chuva intensa, noticiaram os meios de comunicação social estatais.

As imagens difundidas pelos “media” birmaneses mostram casas inundadas e pessoas que se deslocam com água até ao pescoço, carregando os pertences à cabeça, segundo a agência francesa AFP.

“A água está a subir muito rapidamente. Muitas pessoas ainda estão presas nas suas casas”, contou um habitante de Myitkyina à AFP.

A mesma fonte disse que as redes de eletricidade e de telefone estão cortadas desde domingo.

“Há falta de combustível e as equipas de salvamento estão a ter muita dificuldade em chegar às pessoas de barco a motor”, acrescentou.

Uma outra residente de Myitkyina disse que o piso inferior da sua casa estava debaixo de água e que se tinha refugiado junto dos vizinhos enquanto aguardava a chegada das equipas de salvamento.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O nível águas baixou ligeiramente nesta terça-feira de manhã, mas continuava a chover.

As inundações repentinas prenderam milhares de pessoas em casa e o gabinete meteorológico birmanês alertou para a possibilidade de mais chuvas fortes nos próximos dias.

A jusante, em Mandalay, a segunda maior cidade de Myanmar, o rio Ayeyarwady poderá subir entre 1,8 e 3,0 metros nos primeiros 10 dias de julho.

Durante a estação das chuvas, de junho a outubro, os deslizamentos de terras são frequentes e representam um risco mortal para milhares de migrantes que se deslocam ao Estado de Kachin para trabalhar nas minas de metais preciosos.

Um deslizamento numa mina de terras raras em junho matou cinco pessoas e deixou pelo menos sete desaparecidas, segundo um trabalhador da mina e os meios de comunicação social locais.

As inundações ocorrem poucas semanas depois de uma onda de calor recorde, que fez com que a temperatura subisse até aos 48 graus Celsius em algumas partes de Myanmar.

A estação das chuvas traz normalmente meses de aguaceiros torrenciais ao país do Sudeste Asiático, mas os cientistas dizem que as alterações climáticas provocadas pelo homem estão a tornar as condições meteorológicas mais intensas.

Myanmar vive sob uma ditadura militar e o exército enfrenta guerrilheiros de várias etnias que se uniram para combater a junta que derrubou em 2021 o governo eleito democraticamente.