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Em Washington, na cimeira dos 75 anos da Organização do Trabalho do Atlântico Norte (NATO), um país paira acima dos outros na lista de prioridades dos líderes mundiais: a Ucrânia. A situação no campo de batalha do país que foi invadido pela Rússia há mais de dois anos é o foco central.

As preocupações com a Ucrânia ficaram expressas na declaração final de líderes, em que a NATO “reafirma a sua solidariedade inabalável com o povo da Ucrânia”. Cumprindo a maior parte das expectativas que tinham sido definidas para a Cimeira, os líderes ocidentais renovaram as suas promessas de apoios financeiros, políticos e principalmente de defesa e segurança. E o que não ficou assinado na declaração da Aliança, cumpriu-se em novos acordos bilaterais.

40 mil milhões para Kiev em 2025

A proposta de Stoltenberg para um compromisso no valor de 40 mil milhões de euros marcou o caminho de preparação para a Cimeira. E o caminho acabou por dar frutos: os chefes de Estado e de governo da NATO comprometeram-se esta quarta-feira a dedicar um mínimo de 40 mil milhões de euros para apoiar em 2025.

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“Através de contribuições proporcionais, os aliados pretendem fornecer um mínimo de 40 mil milhões de euros em financiamento durante o próximo ano e fornecer níveis sustentáveis de assistência à segurança para que a Ucrânia tenha sucesso”, perante o invasor russo, refere a declaração dos líderes.

“O futuro da Ucrânia é na NATO”: “caminho irreversível” foi iniciado

O convite direto e formal que Kiev desejava para se juntar à NATO ainda não surgiu. Mas os Aliados declararam que o caminho da Ucrânia para a adesão é “irreversível”. Os líderes da NATO comprometeram-se ainda a fazer um convite de adesão a Kiev quando estiverem reunidas as condições.

Os líderes dos Estados-membros salientaram também que apoiam plenamente o direito da Ucrânia de escolher as suas próprias disposições de segurança e de decidir o seu futuro, livre de interferências externas.

EUA e outros quatro países vão enviar sistemas de defesa antiaérea

Volodymyr Zelensky aterrou em Washington com a garantia de que ia “lutar” para que a NATO reforçasse as defesas aéreas ucranianas e fornecesse ao país mais caças F-16. O primeiro objetivo foi alcançado (ainda que o Presidente da Ucrânia continue a querer “mais”) quando Joe Biden anunciou que os EUA e outros quatro países iriam reforçar o apoio a Kiev com o envio de cinco novos sistemas de defesa antiaérea.

De acordo com o Presidente norte-americano, citado pelo The Guardian, “a Ucrânia receberá centenas de intercetores adicionais ao longo do próximo ano”, que vão ajudar “a proteger as cidades ucranianas contra os mísseis russos e as tropas ucranianas que enfrentam os seus ataques na linha da frente”.

Os Estados Unidos, a Alemanha e a Roménia vão enviar, cada um, uma bateria para os sistemas Patriot. Os Países Baixos vão cooperar com outros países para conseguir juntar a esse ‘pacote’ uma outra peça, também para os Patriot. Por outro lado, Itália anunciou que vai disponibilizar um sistema de médio alcance SAMP-T. Os aliados disseram ainda que vão enviar para a Ucrânia sistemas de curto alcance: NASAMS (de fabrico norte-americano e norueguês), Hawks (de fabrico norte-americano), Iris (fabricados por um consórcio europeu) e mísseis Gepard (alemães).

A promessa do reforço dos sistemas de defesa antiaérea foi feita após Moscovo ter levado a cabo ataques com mísseis contra alvos civis na Ucrânia, incluindo um hospital pediátrico (que fez dezenas de mortos), que Biden classificou como um “lembrete horrível da brutalidade da Rússia”.

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Um contrato de 647 milhões para produzir mais sistemas Stinger

Foi uma das primeiras armas que os norte-americanos enviaram para a Ucrânia após o início da guerra: o sistema portátil Stinger, que pode ser usado como defesa contra aeronaves ou disparado por tropas. Com o objetivo de aumentar as capacidades de fabrico de defesa dos estados-membros e para impedir possíveis ataques futuros, o secretário-geral cessante da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, anunciou que foi assinado um contrato de cerca de 700 milhões de dólares para produzir mais Stinger.

Não há como fornecer uma defesa forte sem uma indústria de defesa forte”, afirmou Stoltenberg.

Para os dias que restam da cimeira da NATO, o ainda secretário-geral disse que os objetivos principais passam por impulsionar a defesa dos estados-membros; apoiar a Ucrânia, que é a “tarefa mais urgente” da aliança; e ainda continuar a fortalecer as parcerias globais “especialmente no Indo-Pacífico”. Os líderes de países como Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Austrália, que anunciou um pacote de ajuda a Kiev de mais de 16 milhões de dólares, estão presentes na cimeira.

Aliados, incluindo Portugal, assinam carta de intenções com foco na cibersegurança

Portugal, Canadá, Republica Checa, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Polónia, Roménia, Espanha, Suécia, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. Os 22 aliados assinaram uma carta de intenções para fortalecer a cibersegurança.

Em causa está o software Allied for Cloud and Edge (ACE), que é considerado pelos países “uma nova atividade de aquisição multinacional que irá revolucionar as operações aliadas, fornecendo elementos-chave da espinha dorsal digital de toda a Aliança”. O sistema, que integra soluções de software com tecnologia de nuvem de última geração, visa melhorar a eficiência operacional, garantindo comunicações unificadas e permitindo a partilha contínua de dados nos domínios de operação terrestre, aéreo, marítimo, espacial e ciberespacial.

Portugal compromete-se com ajuda de 220 milhões à Ucrânia (neste e no próximo ano)

O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, disse que a ajuda do país à Ucrânia vai alcançar este ano um valor superior a 220 milhões de euros, sendo que se vai repetir em 2025. O chefe do Governo revelou ainda que enviou uma carta a Jens Stoltenberg para “formalizar o compromisso de atingir os 2% da despesa orçamental com a Defesa um ano antes do previsto, em 2029”.

Só este ano, estimamos poder vir a atingir um valor de apoio superior a 220 milhões de euros, que será repetido no próximo ano, tudo indica dentro daquilo que vai ser o acerto final que agora nesta cimeira será estabelecido”, disse o primeiro-ministro.

No entender de Luís Montenegro, este é um esforço que “tem o retorno da atividade económica que também pode ser gerada” e que poderá beneficiar determinados setores. “Será centrado na tecnologia, em todo o conhecimento que já temos em vários materiais, em vários equipamentos. Nós temos, por exemplo, ao nível dos drones, dos veículos não tripulados, uma competitividade muito significativa, e temos depois outros materiais que são conexos, por exemplo, à nossa indústria têxtil, altamente competitiva para muitos dos equipamentos que as forças militares necessitam”, adiantou.

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A cimeira da NATO começou em Washington na terça-feira à noite e vai estender-se até quinta-feira, com vários encontros à margem dos eventos oficiais.