Dois grandes incêndios que deflagraram este domingo nos arredores de Atenas já fizeram um morto e obrigaram as autoridades a retirar milhares de pessoas, enquanto centenas de bombeiros lutam para conter as chamas e evitar reacendimentos de focos. Estima-se que já arderam 10 mil hectares de terreno. Durante a manhã desta terça-feira, foram evacuados dois mosteiros, um hospital e uma casa de acolhimento de crianças. Na segunda-feira, já outros dois hospitais, um pediátrico e outro militar, e mais cinco localidades tinham sido evacuados. Chegou ao local ajuda de Itália, Turquia, França, Chéquia e Roménia. É ainda esperado auxílio dos seguintes países: Sérvia, Moldávia, Malta, Polónia e Chipre. O líder da Autoridade Palestiniana também anunciou envio de equipas de apoio.

Durante as últimas 40 horas, cerca de 702 bombeiros e 27 comandos florestais com recurso a 35 aeronaves (18 helicópteros e 17 aeronaves de combate às chamas) e 199 veículos estiveram a combater as chamas a nordeste da Ática. Com o passar da noite, o vento foi perdendo força tendo sido possível conter e eliminar as frentes ativas do incêndio, pelo que os profissionais estão agora focados em apagar centenas de pequenos focos dispersos em zonas críticas, comunicou o ministro grego da Proteção Civil Vassilis Kikilias, citado pelo The Guardian, acrescentando ainda que “foram evacuadas e salvas 45 localidades“. Nem há um dia, existiam 40 focos espalhados pela região.

Segundo as autoridades locais, foi encontrado o corpo de uma mulher de 60 anos numa fábrica em Patima Halandrio, nos subúrbios de Vrilissia (região nos arredores de Atenas) durante a madrugada desta terça-feira. A vítima seria de origem moldava e trabalhava na fábrica à 20 anos, noticia a agência de notícias France-Press (AFP). Devido à situação alarmante, o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis interrompeu as férias para regressar a Atenas na noite de domingo.

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Até ao momento, cerca de 70 pessoas receberam tratamento médico, na sua maioria por inalação de fumo, enquanto cinco bombeiros sofreram queimaduras ligeiras e problemas respiratórios. Os dados foram divulgados pelo Ministério de Saúde grego, citado pela Veja.

A Grécia já pediu ajuda operacional a Espanha, à Croácia, a Itália, à Turquia, à Roménia e ao Canadá. A Roménia foi a primeira a enviar apoio, tendo 44 bombeiros e quatro camiões-cisterna no local. Esta tarde, são esperados chegarem em Atenas dois aviões de combate às chamas turcos bem como um helicóptero utilitário Super Puma, 200 bombeiros e 55 veículos franceses. À iniciativa têm-se vindo a juntar outros países e entidades sendo a mais recente do presidente da Autoridade Palestiniana Mahmoud Abbas que, numa carta publicada na rede social X, expressou a sua solidariedade para ajudar “as corajosas equipas de defesa civil gregas” e prontidão no envio de equipas de civis palestinianos para Atenas.

Na quarta-feira, devem juntar-se 75 bombeiros e 25 veículos checos e dois aviões de combate Canadair italianos aos operacionais gregos. Da Sérvia espera-se ainda um helicóptero, 35 profissionais e 10 veículos. Para além destes países, ainda foi anunciada mais ajuda pela Moldávia, Malta, Polónia e pelo Chipre, confirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros grego numa publicação no X.

Novos alertas de evacuação foram emitidos para as regiões de Erithros e Nea Makri pelos serviços de emergência gregos. No final do dia de segunda-feira, o Observatório Nacional de Atenas comunicou que possivelmente já tinham ardido 10 mil hectares de terreno, após análise de imagens de satélite.

“As forças de proteção civil travaram uma batalha durante toda a noite e, apesar dos esforços sobre-humanos, o fogo continua a espalhar-se muito rapidamente”, explicou Vathrakogiannis.

Sobre a possibilidade de Portugal também enviar meios de apoio para a Grécia, o MAI informa que “os meios aéreos em Portugal estão dimensionados para a fase em que nos encontramos”, mas que “Portugal se mantém atento à situação na Grécia”.

Ursula Vonder Leyen também reagiu aos acontecimentos em Atenas e confirmou o apoio europeu, numa publicação no X. “Estamos solidários com a Grécia na luta contra os incêndios devastadores. A UE está a enviar apoio da sua frota: dois aviões de Itália e um helicóptero de França. Estão também a ser enviadas equipas de combate a incêndios da Chéquia e da Roménia. É a Solidariedade em ação”, pode ler-se.

Em Nea Penteli, uma escola foi atingida pelas chamas com os residentes a queixarem-se de falta de apoio, de veículos e de profissionais, relatou um enviado do mesmo canal de notícias no local. Na região, várias casas e propriedades foram atingidas pelo fogo bem como nas regiões de Ano Vrilissia e Chalandri — zona a 8,8 quilómetros do centro de Atenas.

Momentos antes estavam 510 bombeiros, 152 veículos e 29 aviões estava tentar conter o incêndio que obrigou à evacuação esta madrugada de cinco localidades bem como dois hospitais, um pediátrico e outro militar, em Penteli, a cerca de 15 quilómetros a nordeste de Atenas. Na noite anterior, mais de 11 mil pessoas já tinham sido aconselhadas a abandonar sete localidades e a cidade de Maratona e direcionadas para a cidade costeira de Nea Makri. Até segunda-feira, já tinham sido tratadas treze pessoas e dois bombeiros por queimaduras e problemas respiratórios, comunicaram os bombeiros da região, citados pela CNN.

Algumas habitações que se encontravam dispersas na zona acabaram por ser atingidas pelas chamas e dezenas de pessoas que ficaram presas carros tiveram de ser salvas pela equipa especial da polícia grega, noticia o portal News247.

[Já saiu o segundo episódio de “Um rei na boca do Inferno”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de como os nazis tinham um plano para raptar em Portugal, em julho de 1940, o rei inglês que abdicou do trono por amor. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no YouTube. Também pode ouvir aqui o primeiro episódio. ]

O incêndio que mais preocupou as autoridades foi o que deflagrou perto da localidade de Varnava, a cerca de 40 quilómetros a norte da capital e que se propagou muito rapidamente para sudeste e para o Lago Maratona, disse à Efe um porta-voz dos bombeiros. Segundo a Associated Press, foram registados cortes de energia em várias partes da capital grega, que afetaram inclusive os semáforos da cidade.

Perto da cidade de Mergara, cerca de 70 bombeiros com 18 camiões, cinco aviões e três helicópteros tanque combateram outro grande incêndio, a cerca de 40 quilómetros a oeste de Atenas, que obrigou as autoridades a evacuar a cidade de Neo Mazi. “Algumas casas já arderam, enquanto outras correm o risco” de serem atingidas pelas chamas, disse o presidente da Câmara de Megara, Panagiotis Marguetis, na segunda-feira à rádio privada SKAI 100,3.

Num espaço de 24 horas (entre este domingo e esta segunda-feira), ocorreram cerca de 40 incêndios na Grécia, a maioria dos quais foram extintos antes de se propagarem, informou o corpo de bombeiros. No sábado, o ministério da Proteção Civil da Grécia tinha alertado para o  elevado risco de incêndio até pelo menos 15 de agosto em metade do país devido às altas temperaturas, rajadas de vento e seca.

Temperaturas de 39 graus Celsius (°C) e ventos superiores a 50 km/h atingiram a região na segunda-feira, o que dificultou a atuação do bombeiros e equipas de salvamento, de acordo com as autoridades locais. Embora as temperaturas atuais sejam normais para a estação do ano, duas ondas de calor extremo que o país sofreu em junho e julho, com temperaturas superiores a 44 graus em algumas regiões, incluindo Creta, secaram a vegetação, aumentando o risco de incêndios florestais.

Com base em informações do Observatório Nacional de Atenas, a Grécia viveu o julho mais quente de 2024 desde que os registos começaram a ser feitos em 1960. A temperatura média fixou-se nos 27 graus Celsius, 2,9 graus acima do valor médio registado no mesmo mês entre 1991 e 2020.