A economia portuguesa apresentou um excedente externo de 4.113 milhões de euros até junho, o que representa 3% do PIB e compara com um excedente de 2.115 milhões de euros no período homólogo, divulgou esta terça-feira o Banco de Portugal (BdP). Em particular devido ao excedente da balança de serviços (pelo turismo) e do rendimento secundário, pelo recebimento em Portugal do maior prémio de sempre do Euromilhões.
Segundo o Banco de Portugal, esta evolução reflete a diminuição em 800 milhões de euros do défice da balança de bens, com as importações a diminuírem mais do que as exportações (-997 milhões de euros e -197 milhões de euros ou -2,0% e -0,5%, respetivamente) e o aumento do excedente da balança de serviços, de 1.191 milhões de euros, justificado sobretudo pelo incremento de 1.024 milhões de euros do saldo de viagens e turismo.
O excedente externo até junho resultou ainda do aumento do excedente da balança de rendimento secundário, de 213 milhões de euros, “em grande parte explicada pelo recebimento do maior prémio de sempre do Euromilhões em Portugal”, e da diminuição do excedente da balança de capital, de 191 milhões de euros, traduzindo, sobretudo, a evolução das operações de compra e venda de ativos intangíveis com o exterior.
“O saldo da balança de rendimento secundário apresentou um excedente de 670 milhões de euros, que compara com um excedente de 384 milhões de euros no mês homólogo. A variação observada de 286 milhões de euros é em grande parte explicada pelo recebimento do maior prémio de sempre do Euromilhões em Portugal, na ordem dos 200 milhões de euros”, realça a nota do Banco de Portugal. A balança de rendimento secundário inclui as transferências correntes entre residentes e não residentes, como os prémios de jogo, os donativos públicos, as multas e penalizações e as transferências pessoais, das quais fazem parte as remessas de emigrantes e imigrantes.
Euromilhões. Jackpot de 213 milhões de euros sai em Portugal
Já em relação à balança de capital, a redução é justificada pelo BdP pela “menor atribuição aos beneficiários finais de fundos comunitários com vista ao investimento como pela redução de operações de venda de licenças de CO2”.
No primeiro semestre de 2024, o aumento da capacidade de financiamento da economia portuguesa levou a um saldo positivo da balança financeira de 4.110 milhões de euros.
Este saldo refletiu o aumento dos ativos financeiros sobre o exterior, de 20.438 milhões de euros, “resultante maioritariamente do investimento de bancos e das administrações públicas em títulos de dívida emitidos por não residentes (8.020 e 3.177 milhões de euros, respetivamente), e ainda do acréscimo dos empréstimos concedidos por sociedades não financeiras a entidades intragrupo não residentes (2.509 milhões de euros)”.
[Já saiu o quarto episódio de “Um Rei na Boca do Inferno”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de como os nazis tinham um plano para raptar em Portugal, em julho de 1940, o rei inglês que abdicou do trono por amor. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. Também pode ouvir aqui o primeiro, o segundo e o terceiro episódios]
Traduziu ainda o crescimento dos passivos, de 16.328 milhões de euros, “devido, sobretudo, ao aumento de títulos de dívida detidos por não residentes, emitidos pelas administrações públicas e bancos (13.048 e 3.606 milhões de euros, respetivamente), e os aumentos de capital nas sociedades não financeiras por parte de entidades não residentes do mesmo grupo económico (3.952 milhões de euros).
De acordo com o BdP, estes aumentos foram parcialmente compensados pela redução dos passivos em depósitos do banco central (5.473 milhões de euros).
Até junho, todos os setores, exceto as administrações públicas, contribuíram para a variação positiva dos ativos líquidos de Portugal perante o resto do mundo.
O banco central (6.121 milhões de euros) foi o que apresentou o maior valor, seguido das outras instituições financeiras monetárias (1.943 milhões de euros), das sociedades de seguros e fundos de pensões (729 milhões de euros), dos particulares (643 milhões de euros), das sociedades não financeiras (601 milhões de euros) e das instituições financeiras não monetárias exceto sociedades de seguros e fundos de pensões (406 milhões de euros).
Em sentido contrário, as administrações públicas apresentaram variações negativas dos seus ativos líquidos, de 6.334 milhões de euros.
Considerando apenas o mês de junho, o saldo das balanças corrente e de capital foi de 1.391 milhões de euros, o que corresponde a uma diminuição de 248 milhões de euros face ao período homólogo, detalha o BdP.