Chegaram esta manhã à Madeira os dois aviões Canadair espanhóis pedidos pela região autónoma através do Mecanismo Europeu de Proteção Civil para combater o incêndio que deflagrou há nove dias na Serra de Água, na Ribeira Brava. O governo da República, que garantiu estar acompanhar a situação na ilha em permanência, veio explicar esta quinta-feira que se mobilizou os meios aéreos espanhóis porque os portugueses têm uma autonomia de voo “mais limitada”.

“Porquê dois Canadair espanhóis e não dois Canadair portugueses? Por uma razão, o modelo dos Canadair portugueses — creio que o modelo 250 — é diferente do modelo espanhol — o 450 — e tem uma autonomia de voo mais limitada“, começou por explicar o ministro da Presidência durante uma conferência de imprensa esta quinta-feira após o Conselho de Ministros.

Segundo Leitão Amaro, enquanto os aviões espanhóis são capazes de fazer a viagem de Málaga, a região onde se encontravam, até à Madeira a voar, ainda que com paragens pelo caminho, “os portugueses teriam de ser transportados por um ferry ou um cargueiro”. “Isso demoraria três dias, pelo menos. Não seria uma operação tão expedita e eficaz”, afirmou.

O ministro da Presidência disse ainda que o Governo está a acompanhar o incêndio na Madeira em permanência e que está em contacto com o governo regional, que tem a responsabilidade de coordenar as operações. “O governo da República tem acompanhado e prestado apoio. Estão neste momento 150 operacionais que vieram do território de Portugal continental para o território de Portugal na região autónoma da Madeira”, lembrou. “O governo tem também acompanhado a mobilização dos reforços europeus, que é importante para combater e tentar terminar de forma mais rápida possível este drama”, acrescentou.

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Aviões Canadair chegaram à Madeira esta quinta-feira

A opção de ativar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil para fazer chegar os aviões espanhóis à Madeira estava a ser equacionada desde terça-feira, segundo revelou o presidente do governo regional. Numa conferência de imprensa na noite de quarta-feira, Miguel Albuquerque explicou que primeiro foi necessário ver se era uma solução viável e se os meios técnicos seriam adequados.

“No âmbito do planeamento em curso e uma vez que o fogo atingiu a cordilheira central, foi colocada a hipótese de nos socorrermos de todos os meios ao nosso alcance para minimizar os danos deste incêndios. Concluímos [que era necessária ajuda] depois de uns estudos técnicos muito rápidos”, indicou. Acrescentou que também falou com o primeiro-ministro em funções — o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, durante as férias de Luís Montenegro — e foi dada luz verde para essa solução.

Os aviões chegaram à Madeira já na manhã de quinta-feira. O presidente do Governo Regional confirmou pouco depois que as operações com os aviões Canadair iriam começar logo nas horas seguintes, depois da chegada dos oficiais de ligação ao arquipélago da Madeira, que aconteceu por volta das 14h.

Em declarações à RTP, Miguel Albuquerque defendeu que só agora fez sentido os Canadair começarem a operar já que “são aviões com características muito peculiares”. Explicou que “só podem intervir agora quando o fogo derivou para a cordilheira central”, já que não podem intervir em zonas urbanas ou agrícolas. “Um avião destes despeja 6 mil litros de cada vez”, apontou, acrescentando que “não pode ser despejado em cima de casas, nem em zonas agrícolas nem em zonas com cabos de alta tensão ou urbanas”.

A Comissão Europeia disse estar disponível para mobilizar recursos adicionais para auxiliar no combate ao incêndio na Madeira perante as “condições difíceis”. “A Comissão Europeia está a mobilizar apoio para Portugal na luta contra um incêndio florestal perto da Ribeira Brava, na Madeira. […] O sistema de emergência por satélite Copernicus foi também ativado para fornecer mapas às autoridades locais”, disse a instituição num comunicado divulgado esta quinta-feira.

Nos primeiros oito dias de chamas — até às 12h27 de quarta-feira, dia 21 — arderam 4.937 hectares, segundo o terceiro balanço do Copernicus desde o início do incêndio, partilhado através da rede social X (antigo Twitter). Comparando com a estimativa anterior significa que só nas últimas 24 horas arderam mais 545 hectares.