A Iniciativa Liberal quer levar a ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) ao Parlamento. O pedido de audição deu entrada esta terça-feira e tem por base a deliberação da ERC relativa à entrevista conduzida por José Rodrigues dos Santos a Marta Temido, na RTP, no início deste mês. A entidade concluiu que a entrevista se afastou do “registo de factualidade e das regras de condução da entrevista jornalística”, ideias que o jornalista refuta. Agora, os liberais defendem que “qualquer pronunciamento referente à pertinência ou adequação da conduta de jornalistas deve ser cuidadosamente avaliado antes da sua emissão”.
“A Iniciativa Liberal considera que qualquer pronunciamento, por parte de entidades públicas, referente à pertinência ou adequação da conduta de jornalistas deve ser cuidadosamente avaliado antes da sua emissão, atendendo à suscetibilidade das liberdades que podem estar em causa. Por isso, é fundamental que a Assembleia da República possa esclarecer em audição se a deliberação em causa interferiu ou não com a liberdade jornalística do visado e, por consequência, da própria RTP”, lê-se no requerimento de audição assinado pelos deputados liberais. O grupo parlamentar da IL quer ouvir esta entidade reguladora em sede da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.
Ouvir a ERC no Parlamento é essencial para os liberais, que escrevem no seu requerimento que, “atendendo à centralidade da liberdade jornalística na nossa democracia, este conflito é da maior relevância para a Assembleia da República”.
Em causa está a entrevista de José Rodrigues dos Santos a Marta Temido, na época cabeça de lista pelo PS às eleições Europeias, transmitida na RTP1 a 7 de agosto. Em virtude de “participações contra a RTP1” a propósito desta curta entrevista, a ERC emitiu uma deliberação em que avaliou a pertinência de três queixas que diziam respeito à falta de rigor e isenção do jornalista do canal estatal na condução da entrevista.
Na conclusão a que a entidade reguladora emitiu lê-se que a entrevista se afastou “do registo de factualidade e das regras de condução da entrevista jornalística”, prejudicando “o direito dos telespetadores de serem informados”.
Em resposta, José Rodrigues dos Santos escreveu um artigo de opinião publicado no Observador no passado domingo. No longo texto, o jornalista alega que a ERC não só transcreveu mal as palavras proferidas pelo jornalista aquando da entrevista, como garante não ter violado deveres deontológicos. Rodrigues dos Santos diz ainda que apenas procurou confrontar Marta Temido com factos e dados que tinha em sua posse.