Um estudo conduzido por uma equipa da Universidade da Pensilvânia conseguiu identificar as diferentes alterações envolvidas no processo de envelhecimento do cérebro. Os resultados obtidos, apesar de não levarem a uma revolução imediata de tratamentos, são um passo em frente no caminho de um diagnóstico e acompanhamento antecipado.
No final de 2023, Christos Davatzikos e a sua equipa de investigação submeteram os resultados do seu estudo, que acabou por ser publicado na Nature Medicine em agosto deste ano. No artigo intitulado “Padrões de envelhecimento cerebral numa amostra larga e diversa de 49.482 pessoas”, tiveram uma amostra de cerca de 50 mil análises cerebrais, que revelaram cinco formas diferentes de atrofia.
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Recorrendo a 15 métodos diferentes, entre modelos matemáticos e análises genéticas, Davatzikos e a sua equipa conseguiram concluir que o envelhecimento cerebral humano era afetado de formas diferentes, através de interações complexas entre predisposições genéticas e fatores patológicos. Por outras palavras, segundo o estudo, os padrões de envelhecimento estão associados à combinação de dois fatores: características próprias (genéticas), como ser mais propício a problemas cardiovasculares ou diabetes; e as consequências diretas de comportamentos, como é o caso do consumo de álcool ou tabaco.
Depois de identificados os cinco tipos de atrofias, os investigadores procuraram associá-los a diferentes doenças, como esclerose múltipla ou esquizofrenia. Foi esse cruzamento que permitiu estabelecer um sistema que aponta para tendências relacionadas com as alterações cerebrais. Na prática, esse sistema permite concluir que um determinado tipo de envelhecimento cerebral terá mais tendência de estar associado a uma doença específica.
Apesar de ser um estudo extremamente promissor no âmbito clínico, Davatzikos revelou ao El País que o conhecimento adquirido não permite “falar sobre tratamentos num futuro próximo”. “Para já, o benefício imediato poderá ser visto em ensaios clínicos, onde são recrutados indivíduos com perfis mais homogéneos, o que permite a deteção de tratamentos subtis para amostras menores”, explicou o investigador.