A ida de portugueses para os cargos europeus vai gerando incidentes na Assembleia da República. Na reunião da comissão de Assuntos Europeus, os sociais-democratas não gostaram de ver os socialistas a permitirem a audição de Maria Luís Albuquerque como comissária europeia indigitada e chegaram ameaçar retaliar com a ideia de chamar António Costa, enquanto próximo presidente do Conselho Europeu, ao Parlamento. Apesar de tudo, acabou por recuar e retirar a intenção, ainda que o Livre tenha apresentado um pedido no mesmo sentido.
A confusão instalou-se durante a discussão no Parlamento, com os sociais-democratas a darem todos os sinais de que queriam de facto chamar o socialista. Depois de terem saído notícias nesse mesmo sentido, fonte oficial do grupo parlamentar do PSD veio dizer que, afinal, os sociais-democratas não vão pedir a ida de António Costa ao Parlamento. Uma mudança de orientação que causou alguma estranheza a quem assistiu à reunião.
Foi isso mesmo que notou Rui Tavares, aos jornalistas, já depois da reunião, falando mesmo em “incongruência” nas posições assumidas. “O PSD disse que votaria a favor de chamar António Costa”, frisou o deputado e líder do Livre, garantindo que vai, ele próprio, apresentar um requerimento nesse sentido.
A audição de Maria Luís Albuquerque na qualidade de futura comissária europeia acabou por ser aprovada com votos favoráveis de todos os partidos à exceção do PSD, que votou contra por entender que a próxima comissária europeia só deve falar na Assembleia da República depois de já estar em funções e contrapôs dizendo que António Costa devia passar pelo mesmo processo.
Ainda assim, as presenças da próxima comissária europeia e do próximo presidente do Conselho Europeu no Parlamento são facultativas, tendo em conta que a lei de acompanhamento de assuntos europeus no Parlamento não obriga à presença destes nomes nesta fase do processo. O convite a Maria Luís Albuquerque já foi enviado pela comissão parlamentar de Assuntos Europeus.