Depois de uma segunda tentativa de assassinato a Donald Trump, o diretor interino do Serviço Secreto, Ronald Rowe, pediu ao ex-Presidente que deixe de jogar golfe como faz atualmente. Rowe reuniu-se com Trump na sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, na segunda-feira à tarde, para expor as preocupações da agência relativas à sua proteção, relataram três fontes com conhecimento da conversa ao New York Times.

Nesta reunião, Rowe explicou a Donald Trump que os seus momentos de lazer no campo de golfe exigem um esforço acrescido por parte do Serviço Secreto, pelo que mantê-los inalterados implica uma mudança no seu destacamento de segurança. Este esforço explica-se pelo facto de os campos serem espaços muito extensos, rodeados por estradas públicas, mais difíceis de controlar. Da mesma maneira que é fácil obter imagens do antigo Presidente a jogar, tiradas de fora do campo, é fácil apontar uma arma. Cobrir todo o perímetro para garantir que não existem ameaças exige um número de agentes que não estão disponíveis, adiantou.

Donald Trump está longe de ser o primeiro Presidente a jogar golfe frequentemente, notam os jornais norte-americanos. Porém, Trump já mencionou que esta é a sua principal forma de atividade física, joga múltiplas vezes por semana, muitas vezes acompanhado por membros da sua equipa, financiadores e outros apoiantes. Além disso, utiliza campos por todo o país, dependendo do local onde se encontra, por vezes sem aviso prévio ao Serviço Secreto de que se vai deslocar a um campo de golfe.

Suspeito de alegada tentativa de homicídio de Trump indiciado por posse ilegal de arma

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Foi o que aconteceu no passado domingo, quando o ex-Presidente jogava na Florida e um atirador, Ryan Wesley Routh, foi avistado pelos agentes no perímetro do campo. Em conferência de imprensa na segunda-feira, Rowe admitiu que o Serviço Secreto não chegou a fazer buscas no perímetro, onde se veio a descobrir que Routh esteve quase 12 horas. Contudo, o diretor não explicou se a ausência de buscas se deveu à falta de tempo para o fazer, uma vez que esta visita de Trump não estava no seu calendário oficial. “Não era suposto o Presidente ter estado ali”, afirmou Rowe, notando que, para o caso, as “metodologias do serviço secreto foram eficazes”.

Na reunião com Donald Trump, este perguntou se era seguro continuar a jogar de todo. O diretor do Serviço Secreto sugeriu que utilizasse o campo de golfe da Base Aérea Andrews, no Estado de Maryland, uma vez que é dentro de um espaço militar, já tem as proteções adicionais, e outros presidentes — durante e depois do cargo — também o costumam utilizar.

Em respostas às recomendações de Ronald Rowe, a equipa da campanha republicana terá questionado por que motivo Donald Trump tem de aproveitar os seus momentos de lazer dentro de uma base militar, enquanto Joe Biden pode ser visto a passear na praia. Em resposta, o Serviço Secreto notou que Biden é o atual Presidente e, por isso, tem um nível de proteção mais elevado, que não é necessário para Trump na qualidade de ex-Presidente, nota o New York Times.

Ainda assim, e considerando que este é já o segundo ataque a Trump durante a campanha eleitoral, o Serviço Secreto já reavaliou a sua necessidade de proteção. “O ex-Presidente Trump está a receber o mais alto nível de proteção que o Serviço Secreto pode providenciar e vamos continuar a avaliar e a ajustar as nossas medidas específicas e a metodologia, baseadas em cada localização e situação”, garantiu a porta-voz da agência, Melissa McKenzie, citada pela Reuters.

Donald Trump é o ex-Presidente com mais proteção de sempre, afirma Serviço Secreto

As tensões entre o Serviço Secreto e a equipa de Donald Trump têm escalado, com críticas trocadas pelos dois lados sobre a necessidade de aumentar, ou não, a proteção do ex-Presidente. Em entrevista à Fox News esta terça-feira, Trump garantiu que já tinham pedido mais gente “há muito tempo”. “Acho que vamos receber agora. Alguém me disse que eles vão dar mais gente agora“, declarou, sem qualquer confirmação do Serviço Secreto.