O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano à Casa Branca Donald Trump afirmou que os judeus norte-americanos que votam na rival democrata, a vice-Presidente Kamala Harris, devem “fazer exames à cabeça”.

De acordo com uma sondagem recente do Instituto Eleitoral Judaico, 72% dos judeus norte-americanos apoiam Harris, enquanto apenas 25% apoiam Trump.

Algo “difícil de acreditar”, disse o republicano, que participou na quinta-feira na assembleia do Conselho Americano-Israelita, uma das maiores organizações judaicas do mundo.

No evento, realizado em Washington, Trump lembrou as políticas pró-Israel que implementou durante o mandato (2017-2021) e descreveu como inaceitável o fraco apoio dos judeus nas urnas.

“Se eu não ganhar estas eleições, e tenho sido muito bom, na minha opinião o povo judeu terá muito a ver com uma derrota”, disse.

Trump defendeu que as eleições norte-americanas “são as mais importantes da história de Israel” e acrescentou que “Israel tem de derrotar Kamala Harris”.

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Durante o debate presidencial de 10 de setembro, Trump disse que Harris “odeia Israel” e que o Estado judaico deixará de existir dentro de dois anos se a democrata ganhar.

A vice-Presidente afirmou que vai defender sempre o “direito de Israel de se defender”, manifestando, ao mesmo tempo, apoio à solução de dois Estados para a Palestina. Harris reivindicou ainda a necessidade de um plano de reconstrução da Faixa de Gaza.

Tanto Harris como o Presidente dos EUA, Joe Biden, foram convidados para a reunião do Conselho Americano-Israelita, mas escusaram-se a participar.

Horas antes da reunião, a televisão norte-americana CNN disse que um aliado de Trump, o candidato a governador da Carolina do Norte (sudeste) Mark Robinson tinha feito comentários racistas na Internet, onde também se referiu a si próprio como “nazi negro”.

No final de maio, uma conta de Trump na rede social do empresário, Truth Social, publicou um vídeo com referências a um “Reich unificado” entre manchetes hipotéticas sobre uma eventual vitória do republicano nas presidenciais de 5 de novembro.

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Contudo, no início de maio, Trump acusou Biden de dirigir uma “administração Gestapo”, numa referência à polícia secreta nazi.

Trump tinha já recorrido a uma retórica que ecoava o líder nazi Adolf Hitler, quando disse que os imigrantes que entram ou permanecem sem autorização nos EUA estão a “envenenar o sangue do país” e chamou aos opositores “vermes”.

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O ex-presidente também foi muito criticado depois de ter jantado, em 2022, com um nacionalista branco que negava o Holocausto e por ter minimizado a manifestação de 2017 em Charlottesville, no estado da Virgínia, onde nacionalistas brancos gritaram: “Os judeus não nos vão substituir!”