Começa esta segunda-feira em Paris o julgamento de Marine Le Pen, a líder do partido de extrema-direita União Nacional, por alegado desvio de fundos europeus. 

Estão acusadas 24 figuras ligadas ao partido, incluindo Jean-Marie Le Pen, de 96 anos, o pai de Marine Le Pen e fundador do Frente Nacional. Por motivos de saúde, Jean-Marie Le Pen não estará presente em tribunal, refere o jornal Le Monde.

Também Louis Aliot, antigo companheiro de Marine Le Pen, e Bruno Gollnisch, membro do secretariado nacional da Frente Nacional, estão acusados neste processo.

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Os membros do partido são acusados de contratarem assistentes para trabalharem em assuntos do partido em vez de exercerem funções no Parlamento Europeu, que assegurava os pagamentos — uma violação das regras da União Europeia. A acusação menciona factos ocorridos entre 2004 e 2016, quando o partido ainda se chamava Frente Nacional (desde 2018 que é usada a designação União Nacional).

Marine Le Pen nega as acusações e, ao longo do tempo, tem considerado que o julgamento tem motivações políticas. “Os assistentes parlamentares não trabalham para o Parlamento [Europeu]. São assistentes políticos para os membros eleitos, políticos por definição”, argumenta, em declarações citadas pela Associated Press (AP).

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A equipa legal do Parlamento Europeu quer recuperar 2,7 milhões de euros, um montante que inclui os fundos desviados e uma compensação por danos reputacionais. Inicialmente era referido que a prática usada pela União Nacional teria tido custos de 3,7 milhões de euros, mas entretanto já foi devolvido um milhão. Deste valor, 330 mil euros estariam diretamente ligados a fundos usados por Marine Le Pen, refere a AP. 

O julgamento deverá durar nove semanas e representa vários riscos para a carreira política de Marine Le Pen, que tem ambições presidenciais. Caso seja considerada culpada, a política francesa poderá ser impedida de se candidatar a eleições durante uma década.

Além disso, tanto Le Pen como os dirigentes do partido enfrentam uma pena de até dez anos de prisão e multas de até um milhão de euros por pessoa.