Pelo menos 120 pessoas acusam e vão avançar com um processo judicial contra o rapper Sean ‘Diddy’ Combs por agressão sexual, violação e exploração sexual. Destas, 25 eram menores ao tempo da prática dos alegados crimes. A vítima mais nova teria apenas nove anos quando foi abusada. Esta é a primeira vez, desde que avalanche de acusações contra Combs começou, que o artista, preso preventivamente, é acusado de abuso sexual de crianças.

Tony Buzbee, advogado das 120 vítimas, revelou na terça-feira numa conferência de imprensa que mais de metade apresentou queixa na polícia ou deu entrada num hospital após os abusos. Os relatórios toxicológicos indicavam que algumas das pessoas abusadas tinham tranquilizantes para cavalos no organismo. Além disso, o artista é acusado, em conjunto com sócios, de ameaçar as vítimas para que se mantivessem em silêncio e de distribuir pagamentos de 10.000 dólares (cerca de nove mil euros) em dinheiro falso.

O advogado, citado pelo Washington Post, diz que a sua equipa “recolheu fotografias, vídeos e textos” que suportam as alegações que incluem “agressão sexual violenta ou violação, sexo facilitado com uma substância controlada, disseminação de gravações de vídeo e abuso sexual de menores”.

Descreveu ainda, em pormenor, as alegações de que o agressor drogou uma mulher grávida num jantar em Miami, que afirma ter acordado mais tarde na cama do produtor musical. “Ela não estava a beber [álcool] porque estava grávida, mas o que quer que tenha bebido à mesa aparentemente, segundo ela, estava misturado com alguma substância.” A mulher terá então “desmaiado” e acordado com indícios de abuso sexual que terá tido lugar quando estava inconscientem relata o site especializado em notícias ligadas a temas de justiça, Law&Crime.

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Tony Buzbee referiu ainda, citado pela revista Rolling Stone, que a vítima mais jovem, um rapaz com apenas 9 anos, encontrou-se com o magnata da música nos seus escritórios, em Manhattan, para uma audição, uma vez que estava “a tentar conseguir um contrato discográfico”. A criança terá sido abusada sexualmente por Combs e por outras pessoas no estúdio.

As queixas incluem também o caso de uma jovem de 15 anos que terá sido levada de avião para uma festa em Nova Iorque, drogada e depois levada para um quarto, alegadamente na presença de “Diddy”, onde terá sido violada por várias pessoas.

Segundo Buzbee, num outro incidente, Combs disse a um adolescente de 15 anos que faria dele uma estrela, mas que precisava de o visitar em privado, longe dos pais. Alegadamente, Combs obrigou-o depois a sexo oral.

O advogado detalhou ainda que a maioria das alegadas vítimas — 60 homens e 60 mulheres — são afro-americanas e que cerca de um terço são caucasianas. “Este é um assunto importante que pretendemos abordar agressivamente”, disse, prometendo que a equipa legal responsável pela defesa daqueles que acusam o músico não vai deixar “pedra sobre pedra para encontrar as partes potencialmente responsáveis” pelo alegado abuso, ou “qualquer indivíduo ou entidade que tenha participado ou beneficiado deste comportamento flagrante”.

As alegações abrangem o período entre 1991 e 2024, tendo os incidentes ocorrido em Los Angeles, Nova Iorque e Miami. O advogado revelou ainda que a maioria dos abusos terá ocorrido depois de 2015.

Van Arsdale, outro dos advogados a representar as vítimas, disse ao Washington Post que ficou impressionado com as semelhanças entre as acusações. Muitas das alegadas vítimas estavam a tentar entrar na indústria da música quando receberam um convite para um evento organizado por Combs em que os abusos sexuais viriam a decorrer.

Revelou ainda que os processos judiciais poderão vir a citar uma série de co-réus, incluindo membros da família do rapper, responsáveis dos locais de eventos e outros artistas que participavam nas festas. Embora os advogados não tenham partilhado pormenores sobre os alegados cúmplices durante a conferência de imprensa, Van Arsdale disse ao jornal que estes incluem “nomes conhecidos”.

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Erica Wolff, advogada que representa Combs, reagiu às declarações do representante legal das vítimas e disse que o músico nega “enfaticamente e categoricamente” as acusações, dizendo que elas são “falsas e difamatórias”.

“Diddy” Combs foi preso em Nova Iorque depois de ser acusado por um tribunal federal. Em causa estão vários processos abertos contra o magnata norte-americano por alegadamente abusar e ameaçar mulheres e ainda suspeitas de tráfico sexual. O artista declarou-se de imediato inocente de todas as acusações e o juiz decretou prisão preventiva, estando agora a aguardar julgamento.

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A maior parte das queixosas alega ter sido violada após festas de lançamentos de albúns e outras comemorações organizadas pelo rapper e produtor musical em locais bem conhecidos, bem como em residências privadas e hotéis.