De forte presença, com o maior stand da feira, a ausente. A Associação Portuguesa de Viagens e Turismo (APAVT) vai ficar de fora da próxima Bolsa de Turismo de Lisboa (BLT) que se realiza em março do próximo ano na FIL (Feira Industrial de Lisboa). A APAVT esteve presente na BTL desde a primeira edição e a sua saída representa o fechar de um ciclo. As explicações ao mercado para esta ausência marcaram o discurso de abertura do presidente da APAVT no 49.º Congresso da associação que se realiza na cidade espanhola de Huelva até sábado. Pedro Costa Ferreira acusou a promotora da bolsa (a Fundação AIP) de colocar lucro à frente dos interesses do turismo nacional.

Começou por recordar que a APAVT não pediu o reembolso do dinheiro pago à organização da feira privada de turismo quando a BTL foi suspensa em 2020 por causa da pandemia, apesar de ter devolvido o dinheiro aos associados. “Por outras palavras, financiámos a BTL, fragilizando a nossa própria tesouraria com verbas para nós muito significativas, num dos momentos mais críticos da nossa existência”. Mas quando a recuperação do turismo era já uma certeza, “foram esses mesmos parceiros” — a organização da BTL é da responsabilidade da Fundação AIP (Associação Industrial Portuguesa) —  que fizeram exigências financeiras que levaram os associados da APAVT a sair do evento.

O presidente da APAVT disse também que a organização da BTL quando precisou da associação fez um preço que, em troca, teve direito ao maior stand privado da feira, contribuindo para a promoção da “grande aventura de consumo em que se transformou a nossa feira de turismo, nos fins de semana” e que permitiu “um retorno inimaginável há dez anos”. Todavia, acrescentou Pedro Costa Ferreira, “quando a BTL achou que o turismo estava forte e que a feira estava consolidada, decidiu empurrar-nos do comboio do sucesso para nos substituir por mais e mais dinheiro”.

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Ainda que tenham esse direito, reconhece, considera que esta posição não vai ao encontro dos interesses do turismo. O que interessa saber “é se temos uma feira para o Turismo, um evento que dinamiza, promove e consolida o nosso setor, ou se temos o Turismo para uma feira, uma organização que se tornou gulosa e que apenas usa o sucesso do setor para obter mais e mais dinheiro, sem a menor articulação, ou mesmo respeito, pelos diversos stakeholders“.

No dia de arranque do congresso que junta mais de 750 participantes, o presidente da APVAT deixou um apelo ao presidente da Confederação de Turismo de Portugal, Francisco Calheiros para “tomar conta politicamente” da feira. “Precisamos de uma feira que sirva o turismo e que se articule com os seus estrategas, decisores e protagonistas, não precisamos que o turismo seja unicamente fonte alimentadora de uma necessidade crescente de realizar receitas”.

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal que falou a seguir ao presidente da APAVT não respondeu, para já (pelo menos publicamente), ao repto.

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