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Ghassan Najjar, Mohamed Reda e Wissam Qassim. São os nomes de três jornalistas — dois repórteres de imagem e um técnico de emissão — mortos num ataque israelita contra uma cidade a 50 quilómetros de Beirute. O ataque ocorreu na madrugada desta sexta-feira, por volta das quatro da manhã, na hora local (2h00 em Portugal), e visou um complexo em que estavam alojados vários jornalistas, sem qualquer aviso prévio de evacuação.

O ministro da Informação libanês acusou Israel de ter visado deliberadamente a imprensa no ataque no sul do país denunciando o agressão como um “crime de guerra”. “O inimigo israelita esperou que os jornalistas fizessem uma pausa durante a noite para os apanhar a dormir (…). Isto foi um assassínio, após vigilância e rastreio, porque estavam lá 18 jornalistas representando sete instituições de comunicação social. Isto é um crime de guerra“, declarou Ziad Makari numa mensagem na rede social X.

As mortes foram anunciadas pela agência de notícias oficial libanesa ANI. A imprensa local indicou que o ataque atingiu um alojamento em Hasbaya, com perto de cinco mil habitantes situada a cerca de 50 quilómetros a sul da capital do Líbano, Beirute.

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Os outros jornalistas, alojados no mesmo local, relatam que o bungalow em que os três homens estavam a dormir foi o alvo direto. Imagens publicadas pelos media locais mostram ainda o edifício, completamente destruído, e, entre os escombros carros e coletes, claramente assinalados como “imprensa”.

O repórter da Al Jazeera no local notou ainda que Hasbaya não tinha nenhum aviso de evacuação e estava mesmo “relativamente calma”, declarações que vão ao encontro dos restantes profissionais, de que o ataque terá sido deliberado. Imran Khan classificou o incidente como “muito sério”.

Ghassan Najjar era repórter de imagem e Mohamed Reda era técnico de difusão. Ambos trabalhavam no canal libanês Al Mayadeen, alinhado com o Irão e com uma postura pró-Hezbollah. Wissam Qassim era repórter de câmara da Al Manar TV, um canal afiliado com o Hezbollah.

O canal Al Mayadeen já reagiu às três mortes, lamentando “o martírio dos colegas” e acusando Israel de “crimes de guerra”, tal como fizeram as autoridades libanesas.

Israel iniciou, a 23 de setembro, uma intensa campanha de ataques aéreos contra os bastiões do movimento xiita libanês Hezbollah e, logo a seguir, uma ofensiva terrestre no sul do Líbano.

Em um ano de conflito entre Israel e o Hezbollah, mais de 2.570 pessoas morreram e pelo menos 12 mil ficaram feridas, a grande maioria nas últimas cinco semanas, indicou a última contagem das autoridades de saúde libanesas.

A ofensiva israelita deixou ainda mais de 1,2 milhões de deslocados, disseram as autoridades de Beirute, e cerca de 334.800 cidadãos sírios e outros 150.100 libaneses fugiram da violência no Líbano para a Síria.

Israel alega querer afastar o Hezbollah da fronteira e pôr fim aos ataques com foguetes, para permitir o regresso de cerca de 60 mil habitantes deslocados do norte do território.