Carlos Moedas não está interessado em ser candidato à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa. A hipótese vai correndo há algum tempo, teve reflexo mediático esta semana, mas o presidente da Câmara Municipal de Lisboa não quer dar para esse peditório. “É um cenário que eu não equaciono”, diz o próprio ao Observador.
É esta a reação à notícia avançada esta sexta-feira pelo jornal Expresso de que Carlos Moedas sonharia com Belém. “Percebo que há muitas pessoas que me querem afastar da Câmara, e que ainda não aceitaram a minha vitória de há três anos. Mas sou presidente da Câmara de Lisboa. Por escolha dos lisboetas e para os lisboetas que trabalho todos os dias. Também vejo o meu nome entre os possíveis candidatos a Presidente como um elogio ao meu trabalho. Nada mais“, sublinha.
De resto, na última entrevista que deu ao Observador, a 20 de outubro e a partir do 42.º Congresso do PSD, em Braga, ainda antes da publicação da notícia do Expresso, Carlos Moedas foi várias vezes desafiado a esclarecer se aceitaria ou não uma eventual candidatura à Presidência da República — precisamente porque o rumor sobre as suas alegadas intenções já ia circulando há algum tempo e com alguma insistência.
Num primeiro momento, o autarca começou por responder o seguinte: “Todos podem ser candidatos a Presidência da República. Eu também poderia ser. Mas sou presidente da Câmara de Lisboa. É isso que sou. Não estou aqui a olhar para o futuro”. Em nenhum momento desta entrevista, no entanto, Moedas se comprometeu com uma eventual recandidatura à Câmara.
Nessa sequência, o Observador confrontou Carlos Moedas com o facto de, na apresentação do seu último livro, Marcelo Rebelo de Sousa ter sugerido que o futuro do autarca passava pela Presidência. Na resposta, Moedas contextualizou a associação de Marcelo (“Sou muito amigo do Presidente Macron, que fez o prefácio do meu livro”) e voltou a descartar a hipótese. “Mas isso não quer dizer mais do que isso. Foi só uma simpatia. Tomo esses comentários como estando a fazer um bom trabalho.”
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O Observador recordou também o facto de Jorge Sampaio ter saído diretamente da Câmara Municipal de Lisboa para abraçar um candidatura presidencial. “É verdade, mas eu sou presidente da Câmara e gosto muito do que faço”, devolveu Carlos Moedas.
O presidente da Câmara de Lisboa foi depois desafiado a comentar a eventual candidatura de Luís Marques Mendes, mas preferiu não acrescentar mais ao que já tinha dito. “É uma escolha tão pessoal que qualquer coisa que eu dissesse poderia ter um impacto que eu não quero”, cortou.
Perante o facto de se ter incluído no leque de possíveis candidatos à Presidência da República no início da resposta, o Observador insistiu na pergunta, sugerindo que Carlos Moedas não estava a afastar por completo a hipótese. E foi nesse momento que o autarca excluiu por completo esse cenário.
“Não, afasto. Estou a dizer que sou presidente da Câmara de Lisboa. Está afastado. Factualmente, todos podem ser candidatos à Presidência da República. Eu não sou. Sou presidente da Câmara de Lisboa, gosto de ser. De tudo o que fiz na vida, é o que mais gosto”, rematou Moedas.
[Veja aqui a entrevista a Carlos Moedas, a 20 de outubro, no 42.º Congresso do PSD]