Tommy Robinson, o pseudónimo de um dos extremistas anti-islâmicos que impulsionaram os violentos protestos no Reino Unido no início de agosto, foi condenado a uma pena de prisão por desobediência ao tribunal. Robinson, cujo verdadeiro nome é Stephen Yaxley-Lennon, admitiu em tribunal ter desrespeitado uma ordem do tribunal que o proibiu de repetir declarações difamatórias pelas quais já tinha sido condenado.

Em 2021, Tommy Robinson tinha sido obrigado a indemnizar Jamal Hijazi, um jovem refugiado sírio que vive no Reino Unido, pagando-lhe 100 mil libras, o equivalente a 120 mil euros ao câmbio atual. O menor fora filmado a ser espancado por outros colegas no recreio da escola, num vídeo que se tornou viral. Perante essas imagens, Tommy Robinson fez um vídeo onde dizia que o jovem não era “inocente” e alegava que este tinha “atacado, com violência, meninas da escola”.

Jamal Hijazi negou que isso fosse verdade e desmentiu, também, outra alegação feita por Tommy Robinson, de que o menor tinha ameaçado esfaquear um colega. O tribunal validou o desmentido de Jamal Hijazi e condenou Tommy Robinson pelo crime de difamação. Mas essas alegações falsas “devastaram” o jovem refugiado, segundo o processo judicial, e obrigaram a família a mudar-se para outra região.

Além do pagamento da indemnização, o ativista também foi proibido pelo tribunal de voltar a repetir as declarações pejorativas e difamatórias. Nesta segunda-feira, porém, o homem de 41 anos foi condenado por um tribunal londrino a 18 meses de prisão por ter voltado a cometer o mesmo crime – por 10 vezes.

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O Ministério Público inglês tinha acusado Tommy Robinson de ter exibido publicamente um documentário onde, uma vez mais, apareciam as mesmas alegações difamatórias. O filme foi exibido numa das principais praças de Londres (Trafalgar Square), algo que, para os procuradores, foi um violação “consciente” das ordens do tribunal.

Nesta segunda-feira, Robinson respondeu “sim” quando foi questionado pelo tribunal se admitia ter cometido aquele crime. O juiz que condenou o extremista a 18 meses na prisão disse que as ações de Robinson foram uma violação “flagrante” das leis contra a difamação e alertou que “ninguém está acima da lei”.

A advogada do ativista, Sasha Wass, disse que Tommy Robinson “agiu da forma que agiu e aceita a sua culpabilidade, porque acredita apaixonadamente na liberdade de expressão, na liberdade de imprensa e no desejo irresistível que tem de expor a verdade”.

A mesma advogada, citada pela agência Reuters, também disse que o documentário (intitulado ‘Silenced’) foi, na prática, “encomendado” pela empresa Infowars, que está ligada ao polémico radialista norte-americano Alex Jones.

Tommy Robinson, o ativista de extrema-direita que impulsiona motins no Reino Unido a partir de um resort de luxo no Chipre