Tal como no resto do mundo, também em Portugal se sucedem as reações ao desfecho das eleições presidenciais nos EUA. A maioria são mensagens institucionais de felicitações a Donald Trump e a expressar o desejo de continuidade das boas relações diplomáticas entre Portugal e os EUA. Há, no entanto, quem considere a vitória do republicano um “pesadelo tornado realidade” e um “grande risco” para a manutenção das instituições europeias e da estabilidade económica nos países da União Europeia.

Marcelo Rebelo de Sousa felicitou Donald Trump pela vitória nas eleições presidenciais dos EUA na manhã desta quarta-feira, desejando-lhe “felicidades na afirmação da relação transatlântica, da Democracia e dos Direitos Humanos”. O Presidente da República recordou a relação institucional que manteve com Trump no anterior mandato do republicano, sobretudo “em dois momentos particularmente importantes”: o encontro na Casa Branca em 2018 e durante a pandemia quando foram cedidos ventiladores norte-americanos a Portugal.

Sobre uma nova visita oficial à Casa Branca até ao final do seu mandato em Belém, que termina em janeiro de 2026, Marcelo afirmou que a sua realização “dependerá muito da disponibilidade de uma parte e outra”, mas não descarta a possibilidade.

“Para o futuro um dos pontos fundamentais é a colaboração entre a Europa e os EUA e por isso na minha mensagem coloquei um acento tónico nessa cooperação que deve ser reforçada e não diminuída”, afirmou Marcelo em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, poucos minutos depois de a maioria dos órgãos de comunicação norte-americanos declararem Trump vencedor na corrida à Casa Branca. Antes, já tinha publicado uma nota no site da Presidência a dar os parabéns ao republicano pelo mandato conquistado.

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Luís Montenegro utilizou a rede social X para felicitar Trump e destacar a “longa e sólida relação” Portugal-EUA. “Estou empenhado em trabalharmos em colaboração estreita, no espírito da longa e sólida relação entre Portugal e os Estados Unidos, a nível bilateral, da NATO e multilareral”, sublinhou o primeiro-ministro português na curta mensagem.

Também o presidente da Assembleia da República saudou esta quarta-feira o processo eleitoral nos EUA e disse esperar que a relação privilegiada entre os dois países “continue agora a acontecer com o Presidente Trump”.

“Saúdo quando as eleições são livres, diretas e universais. É a legitimidade do povo norte-americano que elege um novo Presidente e eu saúdo essa eleição”, afirmou José Pedro Aguiar Branco, em declarações à Lusa, à margem de um encontro bilateral com o presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-Portugal, António Brito, na Embaixada de Portugal em Brasília.

Donald Trump foi eleito Presidente dos EUA. Que papel pode ter Elon Musk?

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também felicitou Donald Trump pela sua vitória nas eleições presidenciais norte-americanas, sublinhando a importância da cooperação entre os EUA e as Nações Unidas.

“As Nações Unidas estão prontas para trabalhar de forma construtiva com a próxima administração para enfrentar os desafios dramáticos do nosso mundo”, disse Guterres, num comunicado. As relações entre a organização multilateral, com sede nos EUA, e Donald Trump ficaram marcadas por alguns incidentes diplomáticos durante o primeiro mandato do republicano na Casa Branca, entre 2017 e 2021.

Pedro Nuno Santos “respeita” escolha dos americanos. Ventura une-se a Trump e diz que serão “baluartes de liberdade”

Pedro Nuno Santos, a falar aos jornalistas na sede do PS, também reagiu esta quarta-feira à eleição de Donald Trump. Disse “respeitar” os resultados e a escolha dos cidadãos americanos e espera que “os EUA possam ser parte da construção da paz e não o contrário”.

O líder do PS prevê que “o país continue a aprofundar as suas relações com os EUA”. “Os últimos anos têm sido ricos desse ponto de vista”, afirmou. “Esta relação que Portugal pode construir com os EUA é essencial” e o país “nunca deve perder a sua perspetiva atlantista”, acrescentou.

André Ventura, em declarações aos jornalistas na manhã desta quarta-feira, afirmou que “precisamos de uma Europa e de uma América que sejam baluartes de liberdade” e diz estar “convencido que o Presidente Donald Trump o será”.

O líder do Chega entende que “a mudança à direita nos EUA é não só um bloqueio a uma agenda de esquerda que tinha estado a varrer algumas capitais europeias e os próprios EUA”, como um  “estímulo para todos os partidos parceiros do Partido Republicano”, caso do partido português.

Ventura fala no plural e diz que o Chega e o Partido Republicano serão um “baluarte de liberdade” em conjunto. E dá exemplos que considera contrários a esta liberdade: “Temos uma América do Sul tomada por ditaduras comunistas e socialistas. O caso do Brasil não é diferente hoje em dia.”

“Portugal deve manter excelentes relações com os EUA, somos dos países com melhor relação bilateral e geográfica”, apela Ventura, que considera ser “importante que a Europa compreenda que independentemente de ter vencido Donald Trump ou Kamala Harris os europeus têm que deixar de pensar sob o chapéu da defesa norte-americana e ser o seu próprio quartel sem depender dos EUA”.

Antes de falar aos jornalistas, Ventura já tinha utilizado a rede social X para destacar a “grande vitória” de Trump “contra os interesses do sistema instalado, os meios de comunicação tradicionais e o globalismo woke”.

Rui Rocha considera que UE vai ter de aprender a cuidar dela própria. Bugalho saúda “resultado expressivo” na eleição dos EUA

Rui Rocha, presidente da IL, também reagiu esta quarta-feira, ainda cedo, há aparente vitória do candidato republicano que já tinha sido eleito Presidente dos EUA em 2016. Utilizou a rede social X para afirmar que a “Europa vai ter de cuidar de si própria“.

“A primeira consequência para Portugal é óbvia. Foco do Estado em áreas essenciais: segurança, defesa, justiça, mobilidade, acesso universal a saúde/educação. Fazer muito bem aí. Já não há margem para desbaratar recursos públicos em supérfluo/acessório”, referiu.

Sebastião Bugalho, a partir de Bruxelas, felicitou o povo americano “pela sua ida às urnas” e “por um resultado bastante expressivo e bastante claro”. Da mesma forma, em declarações aos jornalistas portugueses, demonstrou “solidariedade para com as comunidades que perante este resultado se sentem mais apreensivas”. “Não tenho nenhum problema em fazê-lo enquanto eurodeputado”, sublinhou.

O eurodeputado eleito pela Aliança Democrática considera que a primeira ação da União Europeia deverá ser a de “trabalhar para ter um bom interlocutor do outro lado do Atlântico para assegurar a Defesa do continente num momento em que ele está sob ameaça de uma super potência que é liderada por Vladimir Putin”.“Este é o tempo da diplomacia, mas que será da parte da Europa uma diplomacia de princípios e do ideário democrático e ao lado dos Direitos Humanos”, defendeu ainda.

Marta Temido fala em “pesadelo tornado realidade”. Catarina Martins diz que “em tempos de todos os perigos o mal menor não serve”

Em Bruxelas, a eurodeputada do PS Marta Temido reagiu aos resultados das eleições presidenciais nos EUA e disse, na manhã desta quarta-feira, que “a confirmarem-se, são um pesadelo tornado realidade” e que deles resulta “uma enorme preocupação pelo respeito pela democracia e pelos direitos humanos”.

Em declarações à CNN Portugal, a socialista disse que estes são “momentos de enorme preocupação para o mundo” e que “a UE tem de assumir todas as suas responsabilidades” numa altura em que “as relações entram numa fase de enorme incerteza”. Considera que o mundo “conhece bem a pouca amizade que Trump nutre pelas instituições europeias” e como “fará todos os esforço para minar a imagem e os valores” europeus. “Trump representa o pior da política”, afirma a eurodeputada eleita pelo PS.

Temido espera ainda que a eleição de Trump “não seja um exemplo para mais ninguém”, insistindo que para as instituições europeias o resultado das eleições nos EUA “é um grande risco” bem como para o “apoio e financiamento” a instituições como a ONU e a NATO.

Catarina Martins, que reagiu no X à vitória de Donald Trump, diz estar “muito preocupada, mas não surpreendida” com a vitória de Donald Trump nos EUA. “Os democratas ignoraram a pobreza em casa e o genocídio em Gaza. Quando os progressistas abraçam o liberalismo e a guerra, a extrema-direita ganha”, considera a eurodeputada do Bloco de Esquerda.

“Estes são tempos de todos os perigos e o mal menor não serve. A tarefa da esquerda é enorme”, afirma ainda a bloquista.