O lusodescendente Jack Teixeira foi esta terça-feira condenado no tribunal federal de Boston a 15 anos de prisão por ter divulgado segredos militares norte-americanos num canal de Discord. “És novo e tens um futuro à tua frente, mas este é um crime muito sério”, disse a juíza Indira Talwani ao jovem de 22 anos durante a sessão, segundo noticiou a imprensa norte-americana.

Os procuradores tinham pedido uma pena de prisão de entre 15 a 17 anos. “Os danos provocados são históricos”, sublinhou o procurador Jason C. Dolan. Já a defesa de Jack Teixeira pedia uma sentença mais reduzida, de 11 anos, afirmando que uma pena mais longa iria infligir danos consideráveis ​​a alguém tão jovem. O advogado Michael K. Bachrach disse ainda que o seu cliente tem autismo, o que teria contribuído para que tivesse tomado más decisões.

A história de Jack Teixeira: lusodescendente, respeitado no Discord, inimigo público dos Estados Unidos

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O militar de 22 anos aproveitou a sessão para pedir desculpa pelo seu papel na divulgação de informações sensíveis. “Lamento todo o mal que causei (…) Compreendo que toda a responsabilidade e as consequências recaem apenas sobre os meus ombros e aceito o que quer que isso possa trazer“, afirmou, citado pelo New York Times.

O lusodescendente foi detido pelas autoridades norte-americanas em abril do ano passado na casa da mãe. Esteve preso desde então, sem possibilidade de pagar fiança. Numa primeira fase declarou ser inocente, mas em março acabou por se assumir culpado de seis acusações de “retenção e transmissão intencional de informações de defesa nacional.”

Tudo começou quando começou a partilhar no grupo privado “Thug Shaker Central”, que fundou na rede social Discord, imagens de documentos confidenciais das autoridades dos Estados Unidos, quase todos com informações sensíveis, classificadas como “Top Secret”. Muitos deles relacionados com a guerra na Ucrânia, incluindo detalhes sobre o envio de armamento para Kiev, os investimentos em munições, as principais carências da Defesa ucraniana, mapas com as frentes de guerra, a localização das unidades militares russas e ucranianas, a dimensão dessas equipas e até considerações sobre o estado de saúde do Presidente russo, Vladimir Putin.

A defesa de Teixeira chegou a alegar que o jovem tinha partilhado estas informações com os amigos da comunidade do Discord porque não ter uma comunidade assim no ambiente laboral. A juíza, porém, recusou o argumento, afirmando que a incapacidade do jovem para se relacionar “não minimiza o crime” que cometeu.