Luís Montenegro fez esta esta quarta-feira um balanço operacional sobre a atuação das várias polícias no ataque, sobretudo, ao crime organizado e aproveitou a conferência de imprensa, que se seguiu a uma reunião entre os principais responsáveis do setor, para anunciar ainda um investimento de mais 20 de milhões de euros para a PSP e GNR, que vai permitir a aquisição de “600 veículos” para as duas forças policiais.

Começando por fazer o referindo balanço, o primeiro-ministro anunciou que foram feitas “mais de 170 operações, mais de 4 mil efetivos, fiscalizadas mais de 7 mil pessoas e mais de 10 mil veículos. 2 mil autos de contraordenação, diversas apreensões e desmanteladas duas redes criminosas no âmbito da imigração ilegal e tráfico de pessoas”.

O primeiro-ministro explicou ainda que esta reunião serviu para analisar a megaoperação lançada esta manhã pela PJ para investigar e deter os autores dos tumultos que seguiram à morte de Odair Moniz, em particular aqueles que foram responsáveis pelo ataque que ocorreu a 24 de outubro, quando um grupo de cerca de dez jovens emboscou Tiago Cascais, motorista da Carris, enquanto este se encontrava ao volante de um autocarro. Ainda assim, não foi adiantado qualquer detalhe sobre esta investigação, nem foi feito um ponto de situação em relação ao inquérito à morte de Odair Moniz.

Quanto ao mais, Luís Montenegro tentou explicar que o Governo está a trabalhar para manter o país “seguro” e combater algum sentimento de insegurança que vai nascendo em determinados setores da sociedade e em algumas regiões do país. “Portugal é um país seguro. Um dos mais seguros do mundo. Mas este contexto não é adquirido de forma permanente. Tem de ser trabalhado e alcançado todos os dias. Portugal é um país seguro, mas é preciso não viver à sombra da bananeira”, justificou o primeiro-ministro.

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Recorde-se que esta declaração ao país, tal como a reunião com as ministras da Justiça e da Administração Interna e com as chefias da PSP e da GNR, foi anunciada inesperadamente, com a declaração ao país a ser agendada para as 20 horas, um horário nobre que remete para outras declarações ao país marcantes. Desafiado a dizer se este gesto não era uma forma de aumentar o alarme social, Montenegro esforçou-se por contrariar essa tese.

“Pelo contrário. Este encontro aconteceu à hora que era possível. Visou fazermos um ponto de situação e é nossa obrigação dar nota ao país daquilo que está a ser feito”, justificou o primeiro-ministro. Montenegro recusou ainda comentar as declarações de Pedro Nuno Santos, que tinha acusado o Governo de ter uma visão securitária do país. “O nosso foco não é trabalhar para as oposições; é trabalhar para as populações. Daqui a quatro anos, os portugueses tirarão as suas ilações.”

Confrontado ainda pelo facto de o Presidente da República ter visitado a Cova da Moura, e desafiado a dizer se fará o mesmo, o primeiro-ministro não se comprometeu. “Estamos no terreno todos os dias. Não estamos indiferentes às circunstâncias que determinadas zonas enfrentam. É consabido que o Governo reuniu com os presidentes das Câmaras afetadas e com as associações de moradores. Não teremos nenhum problema em estar no terreno quando tivermos de estar no terreno”, rematou.